Novembro é o mês marcado pela conscientização ao câncer de próstata, um dos problemas de saúde que mais afetam o público masculino. No Sul brasileiro, a necessidade de conscientizar os homens é latente, já que os índices de mortalidade pela doença superam a média nacional. De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer, a região que abrange os estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná ocupa a terceira posição entre as áreas de distribuição geográfica que concentram mais pacientes da doença. 

Continua depois da publicidade

A estimativa do Inca é que, a cada 100 mil homens, 62 sejam afetados pela doença no Sul do país. Ainda conforme a apuração do Instituto, esse tipo de câncer ocupa o primeiro lugar nesta região, representando 23,4% das incidências cancerígenas entre os homens. A incidência de mortes também apresenta alta acima da média nacional nos três estados. Em 2019, esse índice nacional foi de 7,61, enquanto que o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, juntos, tiveram uma média de 8,87.

Situação em Santa Catarina

Seguindo a média regional, o estado de Santa Catarina apresenta um ponto de atenção na incidência deste tipo de câncer. Dados do Inca mostram que o estado ocupa o 12º lugar no ranking nacional de diagnósticos por número absoluto. O câncer de próstata é o segundo tipo que mais causa mortes em Santa Catarina, atrás apenas do câncer de pulmão.

De acordo com o Dr. André Moreno, especialista em oncologia, os números de Santa Catarina — embora preocupantes devido à alta incidência — refletem uma característica nacional: o efeito do estigma masculino de cuidar da própria saúde, especialmente no que diz respeito à próstata. 

— Realmente, os homens ainda têm um certo receio de procurar o médico para fazer os exames de rastreio. Isso é pior no caso da próstata, pois envolve a questão do toque retal. Mas, historicamente, os homens têm dificuldade de se adequar e aderir aos programas e consultas médicas regulares. Por isso, campanhas como o Novembro Azul são tão importantes, para levantar consciência e alertar sobre a importância do diagnóstico precoce — destaca o médico. 

Continua depois da publicidade

Incidência nacional do câncer de próstata

Durante a pandemia da Covid-19, a instabilidade nos hospitais brasileiros representou uma redução, tanto nos diagnósticos e exames quanto na apuração de dados referentes a todos os tipos de câncer. No entanto, conforme a atualização do Sistema de Informação sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, entre os anos de 2019 a 2021, mais de 47 mil homens perderam a vida devido ao câncer de próstata. No último ano, a média diária de óbitos fixou-se em 44. Até o final deste ano, conforme o Inca, a expectativa é que haja 65.840 novos casos de câncer de próstata em todos os estados do país.

A doença pode atingir qualquer homem, no entanto, é muito importante manter atenção redobrada aos fatores de risco. O principal deles é a idade, já que ele tem incidência rara antes dos 40 anos, mas que aumenta consideravelmente com o envelhecimento. Ainda, os pacientes devem ficar atentos ao histórico familiar, a obesidade e a etnia, já que homens negros têm mais disposição a desenvolver câncer de próstata.

O Dr. André explica que a principal alternativa para reduzir a incidência de óbitos pela doença é o tratamento precoce, e para isso, o diagnóstico deve acontecer o quanto antes. Segundo ele, é importante também o alerta para a prevenção e outros cuidados que o homem deve ter sobre a própria saúde. 

— A incidência do câncer de próstata está relacionada, principalmente, a dois fatores. A primeira delas é a expectativa de vida, ou seja, conforme vivemos mais tempo, a possibilidade e o risco de desenvolver câncer também aumenta. Já a segunda está relacionada aos cuidados médicos, que levam ao diagnóstico precoce e as maiores chances de cura — ressalta. 

Continua depois da publicidade

O que fazer para prevenir

Os pacientes que apresentam riscos para o desenvolvimento do câncer de próstata devem iniciar a rotina de exames preventivos aos 45 anos de idade, conforme orienta o dr. André Moreno. No entanto, quando não há nenhum fator de risco associado, o exame de toque deve ser feito periodicamente a partir dos 50 anos. Ainda, outra recomendação é tentar reduzir os fatores de risco quando há possibilidades.

— Não há como mudar fatores de risco relacionados a fatores genéticos ou a etiologia, e nestes casos, o atendimento médico é a única alternativa. Mas, em fatores de risco modificáveis, como tabagismo, etilismo, sedentarismo e obesidade, a conduta deve ser afastar-se dessas características através de hábitos saudáveis — alerta o especialista.

Acompanhamento médico deve ser regra

Embora o câncer de próstata seja uma das doenças mais preocupantes para a saúde masculina, ele deve servir como um exemplo sobre a importância de realizar exames preventivos — não só oncológicos, mas também, urológicos. Dados do Ministério da Saúde apontam que o homem tende a viver sete anos a menos que a mulher, e muito deste índice está relacionado à negligência nos cuidados com a saúde. É o que alerta o médico urologista Phelipe Celestino.

—As consultas periódicas com o urologista visam principalmente à prevenção e detecção precoce do câncer. Entretanto, o rastreio de doenças sistêmicas, como a hipertensão arterial, doença coronariana, diabetes e dislipidemia (alterações do colesterol) também faz parte desta especialidade. Por isso, recomenda-se que a rotina de visitas ao médico urologista seja anual — explica. 

Continua depois da publicidade

Ele destaca que o câncer de próstata, ao ser detectado precocemente, atinge taxas de cura superiores a 90%. Portanto, tanto o exame Antígeno Prostático Específico (PSA) — que identifica a presença de alterações relacionadas à próstata no sangue — quanto o exame de toque retal, devem ser realizados regularmente. 

Segundo o urologista, o último é realizado no próprio consultório e fornece diversas informações sobre o tamanho, consistência e, principalmente, sobre a presença de nódulos na zona periférica da próstata. Portanto, a realização dele é fundamental para a detecção de até 75% dos tipos de nódulos que se desenvolvem na região.