Um relatório elaborado por mais de 100 especialistas de 52 instituições de pesquisa e agências da ONU revelou que as mortes relacionadas aos efeitos do calor extremo podem aumentar quase cinco vezes nas próximas décadas. O estudo, que monitora os impactos das mudanças climáticas na saúde global, foi publicado nesta quarta-feira (15) na renomada revista científica The Lancet.
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Os especialistas advertem que “a saúde da humanidade está em grave perigo”. De acordo com as conclusões do relatório, em um cenário de aumento médio da temperatura de 2ºC em comparação com o período pré-industrial até o final do século, as mortes relacionadas ao calor podem aumentar em 4,7 vezes até 2050.
Os dados apontam que, entre 2018 e 2022, a população enfrentou, em média, 86 dias de calor intenso representando uma séria ameaça à saúde. Houve um aumento médio de cerca de 1,1ºC nas temperaturas durante o período.
Os indivíduos com mais de 65 anos surgem como os mais vulneráveis a esse aumento térmico. As mortes nessa faixa etária, atribuídas às elevadas temperaturas, cresceram alarmantes 85% na última década (2013-2022), comparadas ao período de 1991 a 2000, ainda conforme o estudo.
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Segundo as estimativas, o ano de 2023 está projetado para entrar para os registros como o mais quente da história. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, comentou sobre o relatório, enfatizando que “a humanidade enfrenta um futuro intolerável”.
“Estamos testemunhando a catástrofe em curso para a saúde e subsistência de bilhões de pessoas ao redor do mundo, ameaçadas por ondas de calor recordes, secas devastadoras para as colheitas, níveis crescentes de fome, surtos em ascensão de doenças infecciosas, tempestades e inundações fatais”, declarou Guterres em comunicado oficial.
Gases de efeito estufa atingem novo recorde
O novo estudo da Organização Meteorológica Mundial (OMM) da ONU, divulgado nesta quarta-feira, aponta que as concentrações atmosféricas de gases do efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global causado pelo homem, atingiram níveis sem precedentes no último ano.
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As concentrações médias globais de dióxido de carbono (CO2), o gás de efeito estufa mais abundante na Terra, ultrapassaram em mais de 50% os níveis da era pré-industrial (definida pelo ano de 1750), alcançando o pico de 417,9 ppm (partes por milhão – o número de moléculas do gás a cada milhão de moléculas de ar). Já o Metano (CH4) teve aumento em suas concentrações de 264% em relação a 1750.
Segundo a OMM, a multiplicação de fenômenos meteorológicos extremos (como a onda de calor que atinge boa parte do Brasil nesta semana) e a subida do nível do mar são alguns dos efeitos das alterações climáticas provocadas pelo aumento desses gases.
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