Popularmente chamado de derrame, o AVC (acidente vascular cerebral), mata por ano quase 100 mil pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. A estimativa é que a cada 5 minutos, um brasileiro morre após sofrer um AVC. Em Santa Catarina as perspectivas são positivas, se comparadas ao cenário nacional: o número de ocorrências caiu 33,5% nos últimos 10 anos, de acordo com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Datasus. O banco de dados aponta que em 2007 o Estado havia registrado 1.370 mortes por este motivo, enquanto em 2017 o número caiu para 911.

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O neurocirurgião Jorge Moritz, explica que atualmente se têm um procedimento cada vez mais avançado para o tratamento do AVC evitando cada vez mais a ocorrência de casos fatais.

— Há 15 anos atrás não se tinha um tratamento específico para o AVC e hoje temos algumas opções de ação para auxiliar o paciente como a injeção de uma droga trombolítica e a colocação de um stent cerebral. O que inclusive ampliou a janela de tempo para o atendimento consideravelmente — afirma o neurocirurgião

Além disso, o médico destaca que possuímos um mapeamento amplo dos fatores de risco que podem levar ao AVC e que ao conseguir aplicar de maneira bem sucedida políticas de prevenção iremos notar uma queda nessas ocorrências.

— Estatisticamente, o AVC ocorre mais com pacientes que já tem antecedentes como fumo, hipertensão, obesidade, diabetes, colesterol alto e arritmia cardíaca — diz Moritz

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Ele ressalta ainda que quando pensamos no Brasil ainda é necessário avançar muito na saúde pública e principalmente no processo de conscientização sobre as consequências dos comportamentos pessoais. Esclarece ainda, que existem dois tipos de Acidente Vascular Cerebral, o isquêmico, predominante na maioria dos casos e o hemorrágico, que representa aproximadamente 85% de todos os casos e o hemorrágico.

— O cérebro começa a “sofrer” a partir do momento em que ocorre a obstrução de um vaso sanguíneo. Como praticamente não há reposição de neurônios ao longo da vida, o essencial é acelerar o tratamento para preservar o máximo possível de tecidos. — explica o médico

Gatilhos: Hipertensão e doenças cardiovasculares

Três em cada quatro pessoas que sofrem o primeiro AVC têm hipertensão, segundo a Associação Americana de Cardiologia. O risco do acidente é 30% maior em pessoas hipertensas que não fazem tratamento, o que pode gerar incapacidade e até morte.

Neste mês intitulado Setembro Vermelho, para prevenção de doenças cardiovasculares, os dados se tornam especialmente preocupantes, pois segundo a série histórica do Datasus, o número de mortes por hipertensão cresceu 68% entre 2007 e 2017 em SC. o valor passou de 944 para 1591 ocorrências e a região onde nota-se o maior número de casos se concentra no Planalto Norte e Nordeste, com 21,8% do total de casos.

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Em Florianópolis 20,8% da população acima de 18 anos confirma ter hipertensão e no caso da diabetes 6,5%. Os dados fazem parte do inquérito de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito telefônico (Vigitel), um levantamento do MS realizado em todas as capitais do país. O neurocirurgião explica esses dois fatores são predominantes nos pacientes que o procuram em decorrência de AVC.

Além disso, o médico pontua que o problema é mais recorrente em pessoas a partir dos 60 anos pelo desgaste da circulação e pela associação dos fatores de risco que tendem a surgir na terceira idade. Outro fator apontado pelo especialista é o sedentarismo, pois a falta de exercícios acaba diminuindo a capacidade cardiovascular facilitando o surgimento de condições como obesidade, diabetes.

— Há uma tendência ao aumento de incidência por conta dos fatores de risco criados pela sociedade moderna: estresse, ansiedade e muito tempo sentados no trabalho. O ideal seria que houvesse um trabalho forte e agressivo na prevenção, pois praticamente todos os fatores são tratáveis ou preveníveis com mudanças na rotina. — comenta Jorge

Sinais de alerta para o AVC

Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo;

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Confusão mental;

Dificuldade de fala ou compreensão;

Perda repentina da visão (em um ou ambos os olhos);

Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar;

Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.

Caso qualquer um desses sintomas apareçam, a recomendação é ligar para o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU – 192), Bombeiros (193) ou levar a pessoa imediatamente a um hospital para avaliação clínica detalhada. O médico ressalta que quanto mais rápido for o atendimento, maiores serão as chances de sobrevivência e recuperação total.

— O tempo é crucial para evitar sequelas a longo prazo. O período até as sequelas se tornarem irreversíveis é variável, depende da intensidade do problema e a região do cérebro atingida. Em casos fulminantes, por exemplo, cinco horas podem ser suficientes para que não se possa reverter o caso — conclui o neurocirurgião