Desde que a obra da BR-470 entrou na pauta do governo federal, sete ministros já passaram pela pasta dos Transportes e a população ainda não viu os projetos virarem realidade. É um descaso histórico não só com o Vale do Itajaí mas com todo o Estado de Santa Catarina.
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Os números da reportagem da edição deste domingo são estarrecedores: em 10 anos, 1.108 pessoas morreram em acidentes na BR-470. No mesmo período, foram incontáveis as promessas e movimentações oficiais em torno da tão esperada duplicação da rodovia entre Navegantes e Indaial, trecho de 73,2 quilômetros que tem enfrentado tráfego crescente ano a ano. Desde que a obra entrou na pauta do governo federal, no final da década de 1990, sete políticos já assumiram o Ministério dos Transportes e a população ainda não viu os projetos virarem realidade – o que comprova o descaso histórico não só com o Vale do Itajaí mas com todo o Estado de Santa Catarina. O rodízio no ministério, alimentado pelas conveniências políticas momentâneas, e a tradicional burocracia estatal brasileira contribuíram para impedir que o panorama praticamente não mudasse nos últimos anos.
A radiografia feita pela reportagem do Grupo RBS nos quatro lotes incluídos no projeto de duplicação, entre os Km 44 e 66,4, revela uma lentidão inadmissível e que contrasta de forma brutal com a importância da obra para os catarinenses. Em primeiro lugar, há que se lembrar das centenas de vidas ceifadas anualmente e que não podem mais ser toleradas de forma passiva e condescendente.
Se as frias estatísticas já assustam, e elas trazem à tona uma tragédia que atinge especialmente jovens entre 21 e 30 anos, as perdas familiares causadas cotidianamente são incomensuráveis. E é principalmente em respeito a essas histórias de dor e sofrimento, algumas delas retratadas entre as páginas 4 e 6, que a mobilização da duplicação da BR-470 deve ser encampada com uma força cada vez maior.
Além disso, os prejuízos que se acumulam colocam em risco um corredor vital para a economia catarinense, por onde passam as exportações com destino aos portos na foz do Rio Itajaí-Açu, aumentando o custo Santa Catarina e golpeando a nossa competitividade.
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Cabe ao governo do Estado e às bancadas estadual e federal uma atuação enérgica no sentido de intensificar a cobrança junto ao Palácio do Planalto para que todos os eventuais entraves sejam superados e no menor prazo possível a obra seja uma realidade. Mas nada é mais importante e vital do que a vigilância e a pressão vigorosa de entidades organizadas e usuários. Todos os cidadãos devem fazer dessa bandeira individual uma causa coletiva.