O aumento no número de mortes de baleias no litoral catarinense neste ano acendeu alerta de grupos de proteção ambiental. O coletivo SOS Baleia Franca, de Imbituba, contabiliza nove mortes em 2015, cinco dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, sendo que a média anual de baleias mortas no espaço é de três animais. O tema é motivo de debate hoje, às 10h, no Observatório de Justiça da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O evento será realizado no Centro de Ciências Jurídicas e é aberto a toda a comunidade.
Continua depois da publicidade
Filhote de baleia é encontrado morto em praia de Jaguaruna, no Sul do Estado
VÍDEO: Baleia e filhote ficam presos em rede de pesca em Florianópolis
Baleia-franca é avistada com filhote perto da praia no Ribeirão da Ilha
Continua depois da publicidade
O Coletivo SOS Baleia Franca relata que as mortes são de cinco jubartes, duas francas e uma da espécie minke. Algumas ocorrências, segundo apontam, estão relacionadas a redes de pesca e choque com navios ou embarcações de pesca industrial.
O chefe da APA da Baleia Franca, Cecil Maya, afirma que o aumento do número de mortes está atrelado à chegada de outras espécies à costa, já que as ocorrências com francas estão um pouco acima da média anual.
Maya ainda acrescenta que durante a temporada de reprodução, de junho a novembro, somente é permitida a pesca artesanal. Além disso, desde 2013 uma liminar judicial proíbe temporariamente o turismo de observação de baleias ou embarcações dentro da APA.
Continua depois da publicidade
– Estamos analisando os dados para entender se a morte por enredamento é causada por redes da atividade artesanal, se isso se confirmar teremos que adequar as normas – diz.
Mudanças climáticas podem ter ligação
A bióloga Karina Groch, diretora de pesquisas do Projeto Baleia Franca, afirma que houve aumento nos casos de mortes de jubartes, fato considerado atípico, já que esta espécie não costuma se deslocar até a costa catarinense – só passa pelo Estado durante o trajeto até o sul da Bahia, onde se reproduz. A presença delas neste ano, segundo explica, está relacionada às mudanças climáticas, que geram movimentação diferente das correntes marítimas.
– Os animais que morreram eram jovens e, consequentemente, inexperientes, o que facilitou o imprevisto – explica.
Continua depois da publicidade
O coletivo SOS Baleia Franca fez um manifesto nas redes sociais intitulado Panela de Pressão para cobrar dos governos estadual e federal e dos órgãos ligados à área de proteção ações mais efetivas de fiscalização ao berçário das baleias. Uma das reivindicações é a elaboração de um plano emergencial para proteção.
O chefe da APA observa que o órgão não tem plano de manejo, mas diz que a elaboração foi iniciada este ano e a previsão é de ser implantado em 18 meses. Ele acrescenta que para o próximo ano será adquirida uma embarcação e novos equipamentos para auxiliar no desencalhe e retirada de redes dos animais. Os recursos já estão garantidos.
O SOS Baleia Franca também questiona a ampliação do Porto de Imbituba, ao lado da principal enseada de reprodução. Conforme Karina, existe um trabalho de parceria, entre os órgãos protetores e o porto, de monitoramento e proteção das baleias.
Continua depois da publicidade