A nova variante do coronavírus pode ser a explicação de Blumenau viver um momento contrastante da pandemia. Enquanto a média de casos novos diários está em 112,6, o menor número desde o final de janeiro, a quantidade de pessoas que morrem por dia e de moradores internados em UTIs tem sido cada vez maior.
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Depois de enfrentar o pior mês da pandemia até então, neste sábado (3), durante o feriado de Páscoa, a cidade registrou o maior número de blumenauenses internados em estado grave devido à doença: 69. Neste domingo (4), eram 68. Todos com o diagnóstico da contaminação. Há três semanas a quantidade de moradores hospitalizados em UTIs com suspeita ou certeza da presença do vírus supera a casa dos 60.
Para complementar o pior patamar, o percentual dos que não sobrevivem às complicações está em elevação (0,86%). Nos últimos sete dias a média de mortes é de quatro pessoas por dia, o pior índice da pandemia, igualando-se a meados de agosto, um dos meses mais críticos.
Quem está na linha de frente aponta algumas causas para este cenário, entre elas a nova variante, que já circula pelo Estado:
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— No início, quando se descobriu a nova variante, nós sabíamos que ela era mais transmissível, mas agora já sabemos que é (também) mais agressiva. Um perfil que vejo no hospital é que entre o 7º e 10º dia os pacientes começam a ter piora. É impressionante, isso não existia antes — conta a infectologista Sabrina Sabino.
Amaury Mielle tem uma percepção semelhante à da colega de profissão. Ele explica que ainda não há estudos que evidenciem que a cepa cause mais óbitos, mas tudo indica que sim. Na rotina nas unidades de saúde, os médicos e equipes se surpreendem também com o fato de pessoas mais novas não estarem resistindo ao vírus como antes.
Descontrole total
— Pode estar acontecendo de estarmos lidando com uma variante de maior mortalidade [como é o caso da britânica]. A gente também não consegue explicar o número maior de pessoas bem mais jovens, fora do grupo de risco, em leitos de UTI. A pergunta é: a nova variante atinge pessoas mais jovens ou essas pessoas estão se expondo demais? — questiona o infectologista.
A livre circulação das novas mutações, a falta de medidas eficazes de combate ao vírus, o desrespeito às regras básicas e a lenta vacinação completam a receita do cenário trágico. Os poucos pontos positivos, como as quedas consecutivas de casos ativos durante quase duas semanas — conforme o boletim mais recente são 772 pessoas em tratamento — tornam-se insignificantes perto da realidade ainda vivida em hospitais da cidade. De acordo com dados estaduais deste domingo, todas as unidades apresentam lotação em leitos SUS.
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— Temos um descontrole total do vírus, as medidas não são eficazes — resume Sabrina.
Coronavírus em Blumenau
Desde a chegada da pandemia são 48.526 contaminados na cidade e 419 mortos, conforme dados da prefeitura deste domingo. Dos 81 internados em UTIs, 69 são da cidade e 12 da região. Os leitos de enfermaria estão com praticamente 56% de ocupação. São 772 casos ativos e 47.335 recuperados. Até o momento quase 32 mil pessoas foram vacinadas, mas apenas 11.832 tomaram as duas doses.