A investigação da morte da técnica de enfermagem Yara Filomena Werner da Silva, de 46 anos, inclui a revisão, a partir desta terça-feira (5), de quase 30 boletins de ocorrência (BO’s) envolvendo a vítima. Eles tratavam de situações diversas, o que incluía ameaças, além de crises familiares e conflitos domésticos, com o atual e também ex-companheiros.

Continua depois da publicidade

> Receba notícias de Florianópolis e região pelo WhatsApp

O registros haviam sido identificados pela Delegacia de Polícia de Pessoas Desaparecidas (DPPD) ainda quando a apuração tratava de suposto desaparecimento, hipótese que foi descartada na segunda (4), após a Polícia Militar, acionada por um funcionário de um condomínio ainda não habitado no bairro do Itacorubi, ter encontrado o corpo de Yara carbonizado no meio de um matagal.

Agora, no entanto, o caso está a cargo da Delegacia de Homicídios (DH) da Polícia Civil, que dará nova atenção às antigas ocorrências, que podem levantar indícios sobre o ocorrido e guiar novos depoimentos. O delegado Ênio Mattos, à frente da divisão, afirmou, à reportagem, não ter colhido oitivas até então. Também não foi feito pedido de prisão preventiva nem há linha de investigação específica.

Os BO’s foram registrados não só por Yara, que aparece também como pessoa a ser notificada em parte deles. Em um dos que ela relatou, em dezembro de 2018, houve orientação a ela para que pedisse medida protetiva contra o atual companheiro, o que, no entanto, não foi levado à frente pela técnica de enfermagem, segundo disse o delegado Wanderley Redondo, da DPPD, à reportagem.

Continua depois da publicidade

— Tudo isso vai ser analisado agora pela equipe do doutor Ênio, que vai checar cada ponto que possa ter ocorrido, quem foram os autores ou o autor do crime — afirmou Redondo.

Antes mesmo da vítima ser identificada, o que exigiu do Instituto Geral de Perícias (IGP) um exame pela arcada dentária, já que não era possível sequer reconhecer o gênero do corpo, a DPPD já havia deixado a equipe que apura homicídios de sobreaviso, por entender que o perfil de Yara não indicava um desaparecimento por vontade dela própria.

Yara era uma profissional ativa no Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), onde atuava desde 2006, e uma mãe muito apegada aos três filhos — uma menina, de sete anos, e dois meninos, de 12 e 14 anos, este último portador de paralisia cerebral.

Para entender o perfil dela, a DPPD passou a conversar com familiares e colegas de trabalho da vítima, de maneira também informal, na última quinta (31), quando foi registrado o suposto desaparecimento pela família.

Continua depois da publicidade

Yara havia saído de casa na tarde de segunda (29) para ir ao trabalho, segundo familiares relataram à polícia, mas não chegou a aparecer no local desde então. Na ocasião, ela estava com um telefone celular, que não foi encontrado até agora.

Na manhã desta terça (5), a família comunicou que o corpo não seria velado, apenas sepultado no Cemitério Municipal Itacorubi São Francisco de Assis em cerimônia a partir das 11h30. No mesmo dia, o Colégio de Aplicação da UFSC, onde os filhos de Yara estudam, suspenderam as aulas em manifestação de luto.

Acesse também

Idoso acusado de matar médica em Itapema é condenado a 17 anos de prisão

Acusado de matar a mãe em Joinville pode ser internado em hospital psiquiátrico

Nove mulheres são estupradas por dia em SC, aponta levantamento