A causa da morte do voluntário que participava dos testes clínicos da fase 3 da Coronavac não foi relacionada com a eventual aplicação da vacina contra a Covid-19.

Continua depois da publicidade

> Anvisa interrompe estudos clínicos da vacina Coronavac

> Quer receber notícias por WhatsApp? Inscreva-se aqui

A principal suspeita dos investigadores ouvidos pela reportagem é de que a pessoa, um homem de 33 anos, cometeu suicídio ou teve uma overdose.

A informação de que ele teria se matado foi divulgada mais cedo pela TV Cultura, do governo estadual. A hipótese é vista como mais provável por pessoas ligadas ao caso.

Continua depois da publicidade

Um laudo toxicológico deverá dirimir essa dúvida nos próximos dias. A vítima foi encontrada pelo zelador de seu prédio já morta, no dia 29 de outubro, com uma seringa a seu lado, depois que seu namorado relatou que ele estava havia muitos dias sem dar notícia.

> Vacina da Pfizer contra Covid-19 é 90% eficaz, apontam resultados da fase 3

O Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, que coordenava o grupo de voluntários integrado pela vítima, já havia descartado a relação entre a morte e a vacina. O mesmo foi feito pelas autoridades estaduais.

É essa natureza sensível da informação, aliada ao sigilo médico inerente à realização de estudos com voluntários, que fez o governo de São Paulo evitar falar por que tinha certeza de que a suspensão dos ensaios com a vacina chinesa não se justificava.

> Santa Catarina pode testar vacina contra coronavírus desenvolvida na Itália

A decisão de parar os estudos pegou o governo de surpresa, já que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) estava a par da natureza do que é chamado de evento adverso entre o grupo de voluntários.

Continua depois da publicidade

A suspeita é de que houve direcionamento político na decisão, visando prejudicar o cronograma da vacinação contra o novo coronavírus, prioridade da gestão do governador João Doria (PSDB), que é adversário direto do presidente Jair Bolsonaro.

Isso foi reforçado após Bolsonaro celebrar uma “vitória” em rede social contra Doria acerca da suspensão dos testes. Ambos os governantes vivem uma “guerra da vacina”, com o presidente questionando tanto a eficácia quanto a obrigatoriedade da imunização, mesmo tendo convênio para comprar o produto da britânica AstraZeneca.

> Painel do Coronavírus: veja em mapas e gráficos a evolução dos casos em SC

O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, havia cometido um ato falho ao falar em óbito durante uma entrevista ao vivo na própria Cultura, na noite de segunda (9). Nesta terça, afirmou que havia citado isso apenas em teoria.

Ainda não se sabe se o voluntário recebeu a Coronavac, que no Brasil será produzida pelo Butantan a partir do ano que vem, caso seja eficaz, ou um placebo como parte do grupo de controle do ensaio da fase 3.

Continua depois da publicidade

> UTI Covid do Hospital da Unimed em Balneário Camboriú lota em uma semana

Os chineses da Sinovac, criadores do imunizante, acreditam que os estudos estarão encerrados em seu país até o fim deste mês. No Brasil, há 13 mil voluntários da Coroanavac sendo acompanhados. Para ser liberada, ela precisa de aprovação justamente da Anvisa.

*Igor Gielow