A Polícia Civil prendeu uma terceira pessoa na tarde desta segunda-feira (2) suspeita de participar do assassinato de Luiz Carlos Henn, 60 anos. Após solicitar o mandado à Justiça, policiais de Blumenau localizaram Eliane Bilski, de 37 anos, em Navegantes. Ela seria a mentora intelectual do crime. Segundo o delegado que investiga o caso, Egídio Ferrari, Eliane conheceu Henn há cerca de dois anos.

Continua depois da publicidade

O homem, que estava desaparecido desde o último dia 5 em Blumenau, foi encontrado morto na quinta-feira (27) em um barranco da Rua Henrique Conrad, na região da Vila Itoupava. Além da mulher, dois homens de 32 anos foram presos temporariamente.

Edenilson da Silva Nascimento teria atirado contra o aposentado. Ele não conhecia Henn, mas era amigo do outro suspeito, Daniel Jeske, que se apresentou à delegacia na tarde de quinta. Ambos não tinham qualquer tipo de relação com a vítima.

É por isso que a investigação não descartava a possibilidade de uma terceira pessoa, conhecida de Henn, estar envolvida no assassinato. A mulher presa nesta segunda teria pedido a Edenilson para matar o homem.

— Fica claro o interesse econômico. Ela usou a expressão "roubar o velho" durante o depoimento dela. Apesar disso, em algum momento eles se perderam e algo deu errado, porque eles não conseguiram tirar dinheiro dessa situação — conta o delegado.

Continua depois da publicidade

Henn trabalhava com telecomunicações e, após se aposentar, realizava alguns serviços autônomos na área. Segundo Ferrari,ele era viúvo, tinha filhos e uma namorada, mas morava sozinho em um apartamento da região central da cidade.

Relação com a suspeita

Após ficar viúvo, o aposentado teria saído algumas vezes com Eliane. Ela era garota de programa e prestava serviço na própria casa. Conforme apurado pela investigação, a suspeita morava há anos em Blumenau, mas mudava frequentemente de endereço. Recentemente estava vivendo no bairro Fortaleza.

Ela teria se relacionado por algum tempo com Edenilson também. Da ligação surgiu a ideia do assassinato. De acordo com Ferrari, um acusa o outro de planejar o crime, por isso a questão ainda exige mais investigações da equipe.

Há pouco mais de um ano, Henn começou a namorar uma vizinha. Os encontros com Eliane teriam terminado, mas o vínculo com ela não. O delegado constatou através de relatos de amigos do aposentado que a mulher pedia favores. Em um mês ele teria pago, por exemplo, o aluguel da residência onde a suspeita vivia e comprado eletrodomésticos.

Continua depois da publicidade

— Ela tinha mais ou menos 30 passagens policiais. É uma pessoa que arrumou confusão em dezenas de endereços. Problemas com vizinhos, clientes… — complementa Ferrari.

Eliane estava escondida na casa do pai dos filhos dela, em Navegantes. Ela não apresentou advogado durante o interrogatório. Se nenhum profissional surgir, o caso ficará sob a responsabilidade da Defensoria Pública. Por enquanto, segundo o órgão, o defensor não entrou em contato com a detida.

Finalização do inquérito

Apesar dos indícios de que o objetivo era roubar dinheiro e pertences de Henn, já que os criminosos chegaram a tentar entrar no apartamento dele após a morte, Ferrari ainda não sabe se indiciará o trio por homicídio ou latrocínio (roubo seguido de morte).

Ele pretende finalizar o inquérito antes das prisões temporárias expirarem (30 dias). Ao final, pode solicitar a preventiva de cada um. O documento será encaminhado ao Ministério Público, que terá como função apresentar ou não a denúncia à Justiça.

Continua depois da publicidade

Edenilson e Daniel estão presos na Unidade Prisional Avançada de Indaial. Eliane foi levada para Itajaí. O celular de Henn, carteira e um jogo de facas artesanais não foram encontrados pelos investigadores. Estas seriam, em tese, as únicas coisas da vítima que teriam sumido.

O crime

Henn estava na casa dos pais, no bairro Velha, quando a dupla chegou por volta das 11h50min do último dia 5. O aposentado ia frequentemente à residência cuidar dos pais. Edenilson entrou a pé no terreno e Daniel no Fiat Argo. Eles chamaram por Henn e, quando o homem atendeu, Edenilson o obrigou a entrar no próprio carro, um Fiat Toro.

Edenilson, armado, teria dito a Henn que se tratava de um assalto. O aposentado dirigiu ao lado do suposto ladrão. Daniel os seguiu com o Argo. No bairro Itoupava Central, ele estacionou o carro e entrou no Fiat Toro junto com os outros dois. Já na Vila Itoupava, a dupla mandou Henn descer, sob a justificativa que o abandonariam em um lugar afastado para conseguir fugir com o veículo dele.

No momento em que Henn virou de costas para os criminosos, já no início da tarde daquele dia, Edenilson atirou. A perícia confirmou três perfurações na cabeça. Eles arrastaram o corpo para o outro lado da via e o jogaram no barranco.

Continua depois da publicidade

Na manhã seguinte, abandonaram o automóvel de Henn no bairro Itoupava Norte. Pelo caminho, livraram-se de objetos pessoais do idoso. Um notebook, por exemplo, foi encontrado em uma rua entre Blumenau e Gaspar, perto da BR-470.

Após cometer o crime, Edenilson deixou a cidade com o Fiat Argo. Passou por Curitiba, devolveu o automóvel, que era alugado, e seguiu para Porto Alegre, onde renovou a identidade com a intenção de se mudar para o Uruguai. Ainda de acordo com Ferrari, ele voltou a Blumenau na semana passada para visitar uma irmã. Assim, foi abordado pelos agentes e preso na quinta-feira.

Daniel permaneceu no município e se entregou depois que investigadores o procuraram em casa. Ele não tem passagens policiais no estado. Já Edenilson possui ao menos um registro por tentativa de homicídio, segundo Ferrari.