A paixão por corridas cresce, e muitas pessoas se sentem motivadas a participar. Contudo, a ausência de preparo adequado pode transformar essa prática em algo extremamente perigoso, com riscos até mesmo fatais.

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Recentemente, um jovem de 20 anos faleceu durante uma meia-maratona em Porto Alegre. João Gabriel Hofstatter De Lamare desmaiou no quilômetro 20 da prova e, apesar do socorro imediato e das tentativas de reanimação, não resistiu. Ele sofreu um mal súbito e uma parada cardiorrespiratória, sendo que, segundo amigos, era sua primeira vez na corrida.

Essa tragédia levantou um debate urgente sobre os cuidados essenciais para quem decide correr. É crucial que os corredores conheçam os próprios limites e os sinais de alerta que o corpo emite, para evitar que situações como essa se repitam e para garantir a segurança na prática esportiva.

Sinais perigosos que o corpo envia

Sintomas como tontura, visão embaçada, náuseas, calafrios, perda de coordenação, confusão mental, dor muscular excessiva, câimbras constantes, batimentos cardíacos acelerados ou irregulares e sensação de desmaio indicam claramente um colapso iminente. Conforme o ortopedista Eduardo Vasconcelos, em entrevista ao G1, ignorar esses alertas pode ter consequências fatais.

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Existe uma diferença crucial entre o cansaço normal e a exaustão perigosa. A fadiga comum melhora com descanso e não afeta a consciência. Já a exaustão extrema provoca perda de força e velocidade, queda da pressão arterial e pode comprometer a coordenação motora, exigindo atenção imediata.

Em casos mais graves, a percepção pode ser alterada, surgem vertigens intensas e até desmaios. Desidratação, hipoglicemia e quedas bruscas de pressão arterial são as causas mais comuns desses quadros graves, que demandam intervenção rápida para evitar complicações sérias.

Riscos da corrida em excesso

Forçar o corpo nesse estado de exaustão pode levar a um colapso cardiovascular, desidratação severa, superaquecimento, arritmias cardíacas, perda de consciência e, em casos extremos, até morte súbita. Além disso, há o perigo de destruição muscular (rabdomiólise), que pode causar falência renal, hipoglicemia e hiponatremia.

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A longo prazo, o esforço excessivo pode gerar lesões por sobrecarga, fadiga crônica persistente, desequilíbrios hormonais, danos cardíacos irreversíveis, distúrbios do sono e uma sobrecarga mental significativa. Por isso, a moderação e o acompanhamento médico são essenciais para quem pratica corrida regularmente.

Pessoas com condições preexistentes como cardiopatias, arritmias, diabetes, hipotireoidismo, anemia ou que usam certos medicamentos têm maior vulnerabilidade. A predisposição genética e o tipo de fibra muscular também podem influenciar nos riscos.

Por isso, médicos recomendam exames como eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma, hemograma, avaliação hormonal e ergoespirometria antes de treinos e competições intensas.

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O que fazer em caso de colapso?

Se alguém colapsar durante a corrida, pare a atividade imediatamente e deite a pessoa com as pernas elevadas para melhorar o fluxo sanguíneo. Promova o resfriamento, se possível, oferecendo líquidos se ela estiver consciente, e acione o socorro médico urgente.

Caso haja perda de consciência ou ausência de respiração, inicie imediatamente a reanimação cardiopulmonar (RCP) e continue até a chegada da equipe médica especializada. Ações rápidas são cruciais para aumentar as chances de recuperação e minimizar danos.

A hidratação é fundamental para a prevenção: beber líquidos antes e durante a atividade é essencial. Repor água, eletrólitos e carboidratos evita câimbras, quedas de pressão e colapsos.

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Atletas devem respeitar seus limites, treinar progressivamente, manter sono e alimentação adequados, e fazer check-ups regulares. Organizadores de provas, por sua vez, precisam garantir hidratação, suporte médico e monitoramento do clima.

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