A morte de um homem nesta terça-feira (6), em Araquari, no Norte Catarinense, aconteceu durante uma ação da Polícia Militar (PM). De acordo com informações da PM, a vítima estaria cortando a vegetação da sua casa e depois entrou nas casas vizinhas. Com uma foice, o homem começou a cortar as árvores das outras residências. O caso aconteceu às margens da BR-280, na Servidão Hilário Albino da Silva, no bairro Porto Grande, na manhã desta terça-feira.
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O proprietário de uma das residências, que estava trabalhando, foi chamado para acompanhar a situação. No local, ele questionou o vizinho o porquê de estar cortando as árvores. Segundo relato do proprietário à polícia, neste momento, o homem teria perseguido ele e aparentava ter a intenção de agredi-lo, por isso acionou a PM.
No local, três policiais realizaram o atendimento, solicitando ao homem que parasse com a ação e soltasse a foice. Conforme a PM, ele não teria obedecido a nenhuma das ordens. Na tentativa de contê-lo, a polícia precisou utilizar o uso progressivo da força.
Primeiro, os três PMs utilizaram uma pistola taser (dispositivo utilizado para imobilizar as pessoas) contra o homem, mas não teria surtido efeito nele. Depois, foi usado uma arma calibre .12 com balas de borracha que, segundo a polícia, não fez com o que o homem soltasse a foice. Neste momento, ele teria investido contra os agentes, que atiraram contra a vítima para contê-la.
Os policiais efetuaram três disparos de calibre .40, um deles teria acertado o homem. O uso de arma letal aconteceu somente após inúmeras tentativas de acalmar a vítima, conforme o tenente-coronel Moises Garcia, comandante do 27º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de São Francisco do Sul, responsável pela PM de Araquari.
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A PM já tomou as medidas legais e formais sobre o caso, conforme preconiza a legislação, explica o comandante.
Ele tinha boa relação com os vizinhos
Vizinhos relataram que o homem morto pela PM era um bom vizinho e não incomodava ninguém. Segundo a dona de casa Eni dos Santos, moradora da casa ao lado da vítima, ele trabalhava em um sitio da região, morava sozinho no imóvel há alguns anos e não era da cidade. Ela contou que ele sempre teve boa convivência com todos e era “um homem caprichoso”.
A situação mudou de um mês para cá, quando a vítima passou a sofrer de algum transtorno mental. Há aproximadamente 15 dias, conforme Eni, o vizinho teve um surto e os bombeiros foram acionados. Ele precisou ser atendido e medicado.
— Nesses momentos (de surto), ele não falava com ninguém. Ele era muito trabalhador e não incomodava os vizinhos — conta a dona de casa.
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Depois de ser sido atingido pelo tiro, por volta das 11h40 desta terça-feira, o homem foi encaminhado à Unidade de Pronto-atendimento da cidade pelos Bombeiros Voluntários, que foram acionados pela guarnição da PM. A vítima não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local. O corpo está no Instituto Médico Legal (IML) aguardando identificação da família.
Polícia abrirá inquérito policial militar
Um inquérito policial militar (IPM) deve ser instaurado para apurar as circunstâncias do caso. De acordo com o comandante Moisés Garcia foi utilizado o uso progressivo da força, com diversos procedimentos para conter a vítima.
Segundo ele, o código penal prevê o uso de arma letal em três circunstâncias: em legítima defesa, em estado de necessidade e ainda no estrito cumprimento do dever legal da profissão. A arma que atingiu a vítima foi coletada pela Polícia Civil e deve passar por perícia. A Civil também irá instaurar um inquérito para apurar os fatos.
Os PMs envolvidos na ocorrência passarão por acompanhamento psicológico por que, segundo o comandante, pode acarretar trauma aos profissionais neste tipo de situação. O comandante afirma que a polícia acompanha a situação e, até a manhã desta quarta, todas as medidas cabíveis foram tomadas.
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— Nós não queremos ou desejamos que o desfecho de uma história seja este. Mas, no exercício da profissão policial, nos deparamos com casos como este. Agora, a Polícia Militar já tomou todas as medidas conforme prevê a legislação neste caso — conclui o comandante.
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