A morte do homem de 36 anos dentro de uma viatura da Polícia Civil em Águas de Chapecó, no Oeste Catarinense, gerou reviravolta na investigação e depoimento da equipe médica. Alex de Castro foi preso por suspeita de furto, mas morreu na viatura a caminho do presídio após receber alta hospitalar. A apuração aponta que ele foi vítima de homicídio e o autor foi o homem que teria feito a denúncio de furto.
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Segundo o delegado Wagner Papini, na data da morte, a PM foi chamada para prender um homem que teria tentado furtar um veículo, na noite do dia 21 de maio. O proprietário informou à polícia que Castro teria tentado arrombar a porta do carro, mas que ele impediu a ação. O suspeito apresentava ferimentos quando foi preso. O homem que acionou a polícia disse que eles teriam entrado em luta corporal.
De acordo com a Polícia Civil, Castro foi levado ao posto de saúde municipal, depois tranferido à Associação Hospitalar Padre João Berthier em São Carlos, onde passou a madrugada. Ele recebeu alta na manhã de 22 de maio e foi levado para a delegacia, onde foi decretada a prisão em flagrante. Depois, encaminhado ao Presídio Regional de Chapecó. Segundo o delegado Papini, ao chegarem na casa penitenciária os policiais civis perceberam que Castro havia morrido dentro da viatura. O óbito foi constatado na manhã de 22 de maio.
A delegacia do município de Águas de Chapecó abriu um inquérito para apurar a morte. A investigação concluiu que o dono do carro foi o responsável pela morte.
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O proprietário teria apresentado pelo menos três versões diferentes sobre o caso, segundo o delegado. No primeiro depoimento para a Polícia Civil, o homem afirmou que Castro teria arrombado a porta. Depois, mudou a versão e disse que a porta não tinha trava, então bastava empurrá-la para conseguir abri-la.
Quando o homem foi preso em flagrante por tentativa de furto qualificado, o dono do veículo afirmou ao delegado plantonista que acreditava que ele teria caído da escada. Depois, disse que o suspeito teria lesionado a mão numa briga e que eles caíram juntos da escada. Além disso, o suspeito disse à polícia que não conhecia Castro. No entanto, o inquérito apurou que a vítima era vizinha do dono do automóvel.
Uma testemunha teria visto ainda o proprietário do veículo batendo no homem mesmo com ele já inconsciente. Foi pedido para que o suspeito parasse as agressões, mas ele não teria ouvido. Segundo a Polícia Civil, o homem só teria parado de bater em Castro quando a chegada da PM.
De acordo com a Polícia CIvil, a perícia mostrou que as lesões no corpo de Castro não teriam sido causadas por uma queda de escada. Ele morreu por traumatismo abdominal. Já a perícia no carro roubado não mostrou indícios de que ele teria sido arrombado.
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Segundo a Polícia Civil, o caso seguirá para Poder Judiciário e o Ministério Público, que decidirão se aceitam a denúncia contra o homem por homicídio qualificado.
Por que a vítima recebeu alta?
Questionado se a conduta da Associação Hospitalar Padre João Berthier – que deu alta para Castro um pouco antes de sua morte – foi investigada, o delegado Papini informou que os “médicos plantonistas fizeram o que estava ao alcance da equipe”.
— Todos os médicos prestaram depoimento, e a polícia não entendeu como irregular o atendimento — disse à reportagem.
Já o diretor técnico da Associação Hospitalar Padre João Berthier, André Argerich, disse não entender por que Castro foi transferido do posto de saúde para o hospital.
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— Quando é um posto de saúde 24 horas, funciona como um posto socorro, então eles têm estrutura para receber esse paciente, ou deveriam ter pelo menos. Eu não sei por que esse paciente veio parar aqui — disse Argerich.
Segundo o enfermeiro que atendeu Castro no posto municipal, a vítima foi encaminhada ao hospital para verificação de lesões neurológicas. Ele conta Castro ficou no hospital por cerca de uma hora e conversava com os enfermeiros:
— Ele saiu consciente, comunicativo, tranquilo. Quando é um trauma neurológico, tem que deixar em obervação, fazer exames, e a gente não tem raio X. E, na sequência, o próprio bombeiro aguardou aqui e o levou para o hospital, por volta de 22 horas, 23 horas. Ele não ficou nem uma hora aqui conosco.
O Diário Catarinense tentou entrar em contato com o médico que atendeu Castro no hospital em São Carlos, mas não teve retorno até a publicação desta matéria.
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