Excelente aluno, apegado aos avós, filho único, fã de videogame. Jogar bola era o que Daniel Lemcke mais gostava de fazer e, assim como quase todo menino da idade dele, queria ser jogador de futebol. Treinava toda semana, disputava competições, era torcedor do Flamengo. Nas redes sociais é fácil de perceber a idolatria por Neymar.
Continua depois da publicidade
Uma fatalidade na manhã de ontem, porém, interrompeu o sonho. Instantes que antecediam a aula de Educação Física, Daniel caiu. Teve uma parada cardiorrespiratória. Os 40 minutos em que o Samu tentou reanimar o adolescente, que completaria 13 anos em outubro, não foram capazes de trazê-lo de volta.
A morte dele traz à tona uma situação rara, porém, que se serve de alerta para os pais: problemas cardíacos de crianças e adolescentes. Independente do histórico na família, se faz exercícios, se é obesa ou não, o acompanhamento precisa ser constante, alerta a médica cardiologista pediátrica Juliana Spengler Abuchaim. Segundo ela, é difícil encontrar porquês para o que ocorreu na Escola de Educação Básica João Widemann, mas é fato que ninguém tem uma parada cardíaca por acaso.
– Existem doenças cardíacas onde a primeira manifestação é a morte súbita, como alguns tipos de arritmia e problemas no miocárdio. São casos muito raros, mas ocorrem, como a gente vê vez ou outra com jogadores de futebol. A única coisa que pode ajudar a evitar esse tipo de situação é a visita regular ao médico, independente se a criança ou adolescente apresenta alguma doença – explica a especialista.
Continua depois da publicidade
De modo geral, existem sintomas que podem indicar problemas cardíacos em crianças e adolescentes: dificuldade em acompanhar colegas em brincadeiras, ficar ofegante muito rápido, suar mais rapidamente que outras crianças, dor no peito, desmaio, palpitações e tonturas durante exercícios. Não é o caso de Daniel, que tinha comportamentos saudáveis. Segundo um dos tios do garoto, Rudolfo Lemcke Neto, não há histórico na família, o que reforça o fato de que independente da idade a atenção é essencial.
Escola pretende acompanhar
psicologicamente os colegas
Daniel era atencioso, tinha muitos amigos e ligação com a escola – era um dos voluntários que ajudava na formação de um time feminino de futsal. Era tão, mas tão querido por todos que no seu velório estava cheio. Pessoas das mais diferentes idades lotaram a capela da Comunidade Luterana do bairro Itoupavazinha para se despedir do adolescente. Por conta disso e de toda a repercussão, a direção do colégio pretende fazer um acompanhamento psicológico, principalmente com os colegas que estavam na quadra do educandário no momento em que tudo aconteceu.
– Cada pessoa lida de uma forma diferente com o luto, mas o fato de ele não estar presente é o que mais marca. Não há como chegar na segunda-feira e não lembrar dele – afirma o diretor da escola, Cornélio Pereira dos Santos Neto.
Continua depois da publicidade
Daniel era filho único. O velório ocorreu durante a noite de ontem na capela da igreja luterana do bairro Itoupavazinha e o sepultamento está marcado para as 9h desta sexta-feira.