Quatro tartarugas e um golfinho foram encontrados mortos nesta terça-feira, em praias de Itajaí, Bombinhas e Itapema. Nos últimos quatro dias, perto de 30 espécimes chegaram já sem vida à região – uma média de sete por dia. A situação deixa em alerta os pesquisadores, que acreditam na relação entre as mortes e a pesca de emalhe, modalidade especializada na captura peixes com o uso de redes.
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Para os especialistas, há urgência na definição de medidas que garantam a preservação das espécies.
– São animais protegidos por lei, e a morte deles é um crime. Existe descaso porque o ambiente marinho é estranho ao nosso, mas se estivéssemos falando em onças, em veados campeiros, a preocupação seria outra – diz Jules Soto, doutor em Zoologia e diretor do Museu Oceanográfico da Univali.
As mortes coincidem com a volta ao trabalho de parte das embarcações industriais especializadas em emalhe de fundo. A maioria dos barcos está parada há cerca de um mês, devido a divergências legais no tamanho permitido para as redes, mas parte da frota retomou as atividades esta semana.
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Além das embarcações industriais, há ainda pesca de emalhe artesanal, que atinge regiões costeiras – e pode impactar a fauna marinha. As tartarugas, das espécies verde e cabeçuda, são maioria entre as vítimas. Gustavo David Stahelin, biólogo e coordenador técnico do Projeto Tamar em Santa Catarina, afirma que a pesca de emalhe é reconhecida como a principal causa da morte de tartarugas, seguida pelo lixo que elas engolem.
A diferença é que, enquanto as mortes causadas por lixo ocorrem durante o ano todo, as que são ocasionadas pelas redes de emalhe se concentram em épocas e regiões específicas, e atingem um maior número de animais ao mesmo tempo.
– São muitas evidências para deixarmos de lado – diz o biólogo.
Usada na pesca de animais como corvinas e tubarões, a pesca de emalhe é considerada predatória por não ser seletiva – a rede pode capturar espécies que não são comercializadas. Por isso, foi proibida em muitos países.
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Desde terça-feira, pesquisadores do Projeto Tamar circulam pelas áreas pesqueiras de Itajaí e região para identificar quantas embarcações de emalhe estão em atividade, e como a pesca tem sido conduzida. A intenção é identificar se há algum processo que possa estar facilitando a morte dos animais.
Enquanto isto, especialistas do Museu Oceanográfico trabalham na catalogação e determinação da causa da morte de cada um dos espécimes recolhidos. Os levantamentos apontaram que o golfinho, encontrado terça-feira, era um filhote. Marcas no corpo do animal mostram que houve tentativa de outro golfinho em soltá-lo da rede – provavelmente a mãe, segundo os especialistas.
Além das tartarugas e do golfinho, quatro pinguins também apareceram mortos na região nos últimos quatro dias.
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Pesca industrial e artesanal discordam sobre causa das mortes
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