Andy Warhol (1928 – 1987) tinha a extraordinária capacidade de transformar o veneno em antídoto. O artista que soube como interpretar a mídia norte-americana nos anos 1960, usava ícones que representavam o capitalismo mais genuíno para expressar sua obviedade.
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Criativo e alternativo, Warhol construiu uma obra a partir da observação atenta do que acontecia à sua volta.
Na “Factory” localizada na 47a rua, em Nova York, que acabou se transformando no reduto dos avessos ao establishment e às convenções, ele retirava elementos para expressar seu talento variado e multiforme. Mas mais do que produto do meio em que vivia, a arte de Warhol refletiu suas frustações e angústias. Em seus relatos, ele fala da infância pobre, dos ataques de nervos anuais que o deixavam na cama em companhia de uma boneca e de infindáveis recortes de revistas.
Definir Warhol é uma tarefa arriscada, mas pode-se dizer com certa dose de lucidez que ele soube como poucos ler o inconsciente coletivo de uma geração. Ao retrabalhar as embalagens de produtos do cotidiano criava novos símbolos. Ninguém conseguiu como ele inovar com repetição. Um estado constante de encantamento primário que se renovava em cada obra: filme, tela, desenho, colagem.
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Se era um rebelde? Sim, mas precisava de dinheiro para sustentar sua vida desregrada. Quando um crítico ia visitar o ateliê ele escondia os trabalhos publicitários, as encomendas que financiavam a sua liberdade para criar. A viagem à Itália, em 1956, representou uma grande virada na carreira de Warhol. As obras renascentistas instigaram suas ambições artísticas.
Sempre sobreviveu de ícones e escolheu Marylin Monroe para ser modelo de sua arte. Mais tarde Elvis Presley e Elisabeth Taylor foram reproduzidos em centenas de telas e série de quadros.
Parte da aura mítica do artista foi construída pelo próprio Warhol. Gostava de inventar histórias recheadas de esquisitices que rendiam assunto entre amigos e inimigos. Tinha como objetivo ser um artista, e embora nunca tenha dito, também uma estrela. Sua natureza transformadora fez dele um homem público. Frequentava todas as festas – tinha um sósia para aquelas onde não conseguia estar pessoalmente -, o que lhe rendeu a pecha de onipresente.
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