A pequena Lara Bella Staats Cordeiro, de apenas 33 dias, dorme tranquila, mama de três em três horas e recebe o carinho dos pais como qualquer outra criança. Ela nasceu prematura de pouco mais de sete meses, com 1,3 quilos, e por 18 dias ficou internada na UTI neonatal do Hospital Jaraguá, até ganhar peso. Desde então,se recupera na Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) da instituição, onde deve permanecer antes de ganhar alta.

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A mãe, Camila Staats, 23 anos, está aliviada com a recuperação da menina, que já pesa 1,960 quilos. Mesmo ansiosa para chegar em casa com a pequena nos braços, a permanência no hospital não a incomoda.

– É como se a gente estivesse em casa: ela passa um tempo na incubadora, mas posso dar de mamar no peito, trocar as fraldas, pegar no colo. Como é minha primeira filha, as enfermeiras também me orientam como cuidar dela -, comenta.

A professora de educação física mora em Itajaí com o marido Rogério Cordeiro, 21 anos, mas decidiu ter a filha em Jaraguá, onde mora a mãe, por um motivo importante:

– Sempre ouvi falar bem no hospital e quis ter ela aqui -, afirma.

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A história de Camila e Lara reflete o resultado de uma pesquisa divulgada este mês pelo Ministério da Saúde, em que Jaraguá do Sul se destaca como o município com a menor taxa de mortalidade infantil entre as cidades mais populosas do Estado. O índice, de 4,57, é o mais baixo registrado na cidade nos últimos dez anos. A taxa também é menor do que a registrada em países desenvolvidos, como Estados Unidos (5,98) e Canadá (4,85).

De acordo com Luís Fernando Medeiros, responsável pelo planejamento estratégico e estatísticas da Secretaria Municipal de Saúde, o indicador reflete, de maneira geral, as condições de desenvolvimento socieconômico e infraestrutura ambiental.

– Os principais fatores apontados para a redução da mortalidade infantil são a vacinação das mulheres e das crianças, amamentação materna, atendimento pré-natal da gestante, atendimento ao parto e atendimento médico da criança, nutrição, saneamento e habitação adequados -, explica.

O índice de mortalidade infantil estima o risco de morte dos nascidos vivos durante o seu primeiro ano de vida e consiste em relacionar o número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente.

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O Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM), desenvolvido pelo Ministério da Saúde em 1975, possui variáveis que permitem, a partir da causa da morte atestada pelo médico, construir indicadores e processar análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde.

Investimentos para a qualidade de vida

O gerente assistencial do Hospital Jaraguá, Loreno Pommerening, afima que alguns investimentos realizados pela entidade ajudaram a reduzir a taxa de mortalidade infantil na cidade e a melhorar a qualidade de vida das crianças. Nos últimos dois anos, a instituição, que é referência no Estado no atendimento a gestações de alto risco, aumentou a UTI neonatal – passando de dez para 13 leitos -, implantou uma nova Unidade de Cuidados Intermediários (UCI) com quatro leitos, ampliou as salas de partos e pré-parto, além de realizar a capacitação constante de médicos e enfermeiros. Os investimentos vieram de parcerias com a Prefeitura, os governos estadual e federal e empresários.

No Hospital Jaraguá nascem em média 300 crianças por mês. Para atender à demanda, a instituição também está reestruturando o espaço físico. A construção do novo prédio, que vai abrigar a ala cardiológica e deve ser inaugurado em junho, vai garantir um espaço maior de internação às pacientes da maternidade. Outro objetivo é transferir o centro cirúrgico para o novo prédio e construir mais um centro obstétrico no lugar dele.

Na UTI neonatal, um dos investimentos mais importantes foi a compra do bilitron, um aparelho de fototerapia que serve para baixar os níveis de bilirubina no organismo, conhecida popularmente como amarelão. O equipamento mais moderno garante um tratamento mais rápido do que o aparelho utilizado até 2010.

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Loreno também aponta o banco de leite materno do hospital como um dos projetos que contribuem com a redução da mortalidade infantil, garantindo o alimento para crianças prematuras internadas na UTI e na UCI. Além disso, os profissionais da área médica do hospital costumam realizar palestras para gestantes no hospital, empresas e outros locais.

Programas ajudam mamães e bebês

A Prefeitura de Jaraguá do Sul realiza vários programas de acompanhamento à gestante e ao bebê, parte deles em parceria com o Ministério da Saúde. O Programa de Segurança Alimentar e Nutricional engloba o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), o Programa Leite Vida, o Bolsa Família na Saúde e o Saúde de Ferro.

O cadastro das mães e crianças que precisam dessa atenção especial é realizado em todos os postos de saúde, através do Sisvan. O Programa Leite Vida é destinado à gestantes e crianças com baixo peso, com o fornecimento da quantidade diária adequada de leite integral em pó. O Bolsa Família na Saúde atende a famílias de baixa renda e o valor da ajuda varia conforme o número de filhos e a idade. O benefício é bloqueado se os beneficiados não manterem as crianças na escola e a vacinação delas em dia. O Saúde de Ferro oferece doses recomendadas de ferro (em xarope) como prevenção à anemia para crianças a partir dos quatro meses até um ano e meio.

Também há o Programa de Saúde da Mulher, que inclui atendimento às gestantes de alto risco que fazem o acompanhamento pré-natal nos postos de saúde, e palestras orientativas. As palestras abordam assuntos como pré-natal, amamentação, parto e cuidados com o bebê, e são voltadas para gestantes de todas as idades.

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Outro assunto que a equipe costuma abordar através de palestras é o planejamento familiar, com informações de como funcionam os métodos contraceptivos.

SAIBA MAIS

A taxa de mortalidade infantil em Santa Catarina é de 10,68. No Brasil, o índice é de 15,7.

Taxa de Mortalidade Infantil por município

Jaraguá do Sul 4,57 148.353

Balneário Camboriú 9,34 113.319

Blumenau 12,76 316.139

Chapecó 12,40 189.052

Criciúma 18,23 195.614

Florianópolis 8,57 433.158

Itajaí 13,42 188.791

Joinville 7,48 526.338

Lages 16,19 156.604

Palhoça 6,94 142.558

São José 10,00 215.278

Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM)

Em outros países

Estados Unidos 5,98

Canadá 4,85

Reino Unido 4,56

Austrália 4,55

Áustria 4,26

Dinamarca 4,19

Coreia do Sul 4,08

Suíça 4,03

Fonte: Index Mundi (2012)