O caminhante inexperiente deve saber: depois de subir cerca de 2.250 metros com inclinações de até 10 graus, é possível que falte oxigênio para respirar e expirar nos últimos metros da rampa que dá acesso ao Mirante de Joinville. Mas quando a última etapa termina, há uma espécie de balão de oxigênio natural à espera, formado pelas espécies da Floresta Ombrófila Densa que rodeiam o objetivo principal de quem entra na rua Saguaçu, no bairro de mesmo nome, na região central da cidade.
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Desde que o mirante e o acesso foram revitalizados, o local se tornou uma academia ao ar livre, possibilitando diferentes graus de dificuldade aos que utilizam o trajeto que separa o pórtico, localizado um pouco antes da entrada do Zoobotânico, e a estrutura de observação de 14 metros.
Na primeira vez em que enfrentou o desafio, tentando acompanhar o filho adolescente, o militar da reserva Oscar Cesar, 70 anos, sofreu uma lesão no joelho. Na segunda, decidiu ir só até metade e voltar. Agora, sobe até o mirante de quatro a cinco dias por semana ao lado da esposa, Maria Eny, 69. Pode até chover, porque o guarda- chuva os acompanha. Em menos de 10 meses, Oscar eliminou 10 quilos e viu a taxa de triglicerídeos baixar até o índice não ser um problema na vida dele. Além disso, o casal aproveita o clima diferente que aparece nos primeiros metros do trajeto.
– As pessoas se cumprimentam, é como se fosse um outro bairro. No Centro, todo mundo corre o tempo todo e ninguém se olha. Aqui, o comportamento é diferente – analisa Oscar.
Foi em busca dessa mudança de ares que a estilista Liz Silva também resolveu trocar a malhação em academia pela caminhada até o mirante. Ela pratica todos os dias, desde julho do ano passado, e tem como recompensa a vista de toda a cidade enquanto faz alongamento na Janela do Mirante, uma estrutura menor que também funciona como ponto de observação.
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– Se eu não venho, faz falta. É um lugar para encontrar o equilíbrio, para fazer reflexões enquanto me exercito no meio da natureza – analisa ela.
Desde que fraturou o pé, Lediane Koeslinsky, 35, não pode mais fazer exercícios físicos como correr ou malhar, apenas andar de bicicleta. Ela aproveitou a limitação temporária para se desafiar: desde dezembro, vai até o mirante de bike, e não é apenas uma vez por dia.
– Fui aumentando gradativamente, subindo uma vez na primeira semana e aumentando para duas voltas na segunda semana. Agora, subo de três a quatro vezes por dia – conta.
As amigas Patricia Henke, 43, e Patricia Koentopp, 49, trocam incentivos para atender o compromisso de, diariamente, fazer o exercício em meio à área verde. É mais fácil para a primeira, que sobe de três a quatro vezes por semana, já que Patricia Koentopp precisa se deslocar do distrito de Pirabeiraba ao bairro Saguaçu para começar o trajeto.
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Elas aproveitam para colocar a conversa em dia e só reclamam de alguns detalhes no local.
– A iluminação está boa, as calçadas também. Mas falta um bebedouro no meio do caminho e, claro, mais lugares assim em Joinville – afirma Patricia Henke.