São 20 anos com dificuldades no abastecimento de água, mas que nos últimos 10 dias se tornaram impossíveis. Se antes só chegava pela madrugada, agora nem isso. Os moradores do Morro da Bina, em Biguaçu reclamam, mas a Casan parece não conseguir resolver o problema.
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A mãe de Ana Paula da Silva Espíndola sequer mora no lugar e também sofre com a falta d’água. Isso porque a filha não tem como lavar suas roupas e a casa materna vira lavanderia.
– A mãe acha que é malandragem minha porque sempre falta água – diz Ana.
As casas na parte de cima da Rua Paulo Pedro Rodrigues também repetem esse cenário. Maria Aparecida da Silva Silveira, por exemplo, consegue apenas lavar a chuva com a água que coleta da chuva em alguns galões. A roupa fica acumulada na área de serviço e o marido, pedreiro, toma banho no trabalho.
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– Ele tem que tomar banho de mangueira no trabalho, senão não tem como – afirma Maria.
A vizinha dela, Vera Lúcia Welcy, que cuida de quatro crianças, precisa andar por mais de 500 metros no morro para pegar água na parte baixa da rua (quando a reportagem do Hora de Santa Catarina foi ao local, nem na parte baixa havia água). Traz num balde. Nesta terça-feira ela não conseguiu sequer lavar a louça e pegou apenas uma jarra para que os pequenos tivessem algo para beber.
Quando tem sol falta água, quando chove também
No verão, dizem os moradores, a água falta porque é enviada para os turista da ilha. A chuva, porém, não melhora a situação.
– Aí a Casan diz que a água está suja e também não manda – reclama Ana.
É fácil confirmar com qualquer um dos moradores que essa situação se repete há 20 anos. Os pais de Maria Aparecida relatam que há 10 dias o problema se agravou, mas antes a situação já estava longe de ser boa. A água de dia é raridade, só chega por volta de meia noite com pouca pressão, sem nunca encherem as caixas d’água, e as torneiras secam antes das 7 da manhã. Isso acontece há cerca de 20 anos, segundo os residente do Morro da Bina. Se salvam apenas os que vivem na parte baixa do bairro.
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Um problema de brinde
Não bastasse o stress da falta d’água, os moradores também dizem ter sido mal tratados pelos atendentes da Casan. Ana Paula relata que, mesmo tendo ligado mais de uma vez em vários dias, recebia a informação que a estatal não estava sabendo do problema.
– Tem gente aqui que paga mais de 100 reais de conta e não consegue ver um pingo d´água – diz Ana.
Falta água, pão e carne
O único mercado da Pedro Paulo Rodrigues parou de vender carne e reduziu a produção de pães. Segundo o proprietário, Nelson Antônio Vieira, a falta d’água inviabiliza a manutenção do açougue, que só é identificado pelo balcão típico, pois não há carne ali. Para produzir pães, somente com água mineral. Já foram várias bombonas, mas a produção ainda é baixa. Prejuízo duplo para Nelson, já que, com pouco produto, os clientes não aparecem.
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E a Casan, quando vai resolver?
Na segunda-feira, um caminhão pipa apareceu na rua Castro Alves, mas não estava autorizado a encher as caixas d’água de moradores da Paulo Pedro Rodrigues. Em nota, a Casan informou que a situação possivelmente está ocorrendo por conta de vazamento na rede, que diminui a pressão e não consegue levar água até a parte mais alta do Morro da Bina.
Nesta terça houve obras na rede que interliga o bairro com o município de São José. A tubulação, de 100mm será trocada por uma de 250mm, proporcionando melhor vazão. Até o fechamento desta edição, a Casan não havia se pronunciado a respeito do problema no atendimento e da recorrência de falta d’água nos últimos 20 anos.