O ator, comunicador e humorista Edson Luis Nunes, conhecido como Tarrafinha, morreu nesta quarta-feira (17) aos 62 anos. Nascido em Florianópolis, ele lutava contra um tumor cerebral, descoberto em novembro de 2021, e estava internado no Hospital da Caridade desde o final de junho. O artista deixa a esposa Suzete e duas enteadas, Paola e Bruna, filhas da primeira mulher.

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O artista marcou sua passagem na rádio catarinense com pioneirismo e bom humor. Em seu espírito ilhéu, a comédia era algo muito forte. Entre criações, estão personagens como o Tarrafinha — tão famoso que o próprio Nunes ficou conhecido por “Tarrafinha” ao longo da carreira —, o Professor Atojão, Varduri do Táxi, João do Bagulhinho e Mário do Armário.

Um de seus grandes sucessos na programação da então CBN Diário (atual CBN Floripa) foram as “Frases da jornada”, que entrava no final das transmissões do futebol. Era o “momento da descontração” com a “canalhada toda”, para os ouvintes se divertirem com as gafes da equipe esportiva. Quem dava uma mancada no ar, já sabia que iria entrar nas frases.

A partir de 2011, Nunes passou a fazer também um quadro no Notícia na Manhã chamado “A Corneta do Tarrafa”, que usava seus personagens para falar sobre assuntos do dia-a-dia de uma forma bem-humorada. Também participou do “Conversa de Mané”, outra atração da emissora florianopolitana. Durante as férias de Roberto Alves, Tarrafinha dividia a atração com Miguel Livramento, que morreu em 2023.

Carreira do “Tarrafa” durou mais de 40 anos

Grande parte da vida de Edson Nunes se passou pelos corredores e estúdios da Rádio Diário da Manhã, que se tornou a CBN Diário em 1996. Foi na emissora da capital catarinense que ele começou a carreira em 1980. Seu talento foi descoberto ainda quando era operador de áudio, pelo apresentador Walter Filho e pelo jornalista e promotor de eventos Aldírio Simões, ao ver o rapaz que não parava de fazer piadas e imitações.

— Eles viram no Edson um potencial muito grande, de imitar o jeito de falar manezinho. De repente, na Diário da Manhã, eles criaram o “Tarrafinha” para um programa de samba de domingo à noite. Durante muitos anos, o ouvinte ficou sem saber quem era o autor. Eu o considero como um dos maiores talentos do rádio. A gente perde muito com a ausência dele — diz o decano da comunicação catarinense, Roberto Alves, que é tio de Edson Nunes.

O comunicador parecia assumir outro personagem quando entrava no ar pela Itapema FM como locutor. Fez de tudo, da operação à apresentação. Tanto que, em 2019, foi homenageado pela Câmara de Vereadores de São José, em uma sessão em homenagem a radialistas. Nunes também teve passagem na área técnica da TV RCE.

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Mestre também na arte da imitação

O “Tarrafa” imitava personagens conhecidos do futebol do Estado, como o presidente da Federação Catarinense, Delfim Peixoto Filho (morto no acidente aéreo com a delegação da Chapecoense em 2016). Na lista, também estavam os ex-presidentes do Avaí João Nilson Zunino e Francisco Battistotti, além de Nestor Lodetti, ex-presidente do Figueirense (time do coração do Tarrafa).

O ex-comandante da Polícia Militar de Santa Catarina, Eliésio Rodrigues, foi outro dos “homenageados”. O personagem, o coronel Edezo, tinha expressões características como “comandamento”.

Uma das imitações mais impressionantes foi o “Sardembreca”, em alusão a um dos apresentadores da rede CBN, o jornalista e comentarista de economia Carlos Alberto Sardemberg. Nunes teve a chance de fazê-lo para o próprio homenageado durante um CBN Brasil, em uma edição especial do programa realizada em Florianópolis.

O jornalista Eduardo Fernandes, no trabalho de conclusão de curso no Centro Universitário Estácio de Sá, em 2013, apresentou o tema humor no jornalismo. A publicação, que ganhou o nome “Sete em Um – Uma Tarrafada de Manés”, se baseia nos quadros e nos personagens surgidos da criatividade de Nunes.

— O Tarrafa foi um cara muito descontraído. Tinha um coração enorme. Era o “falso ranzinza”. Para cada vez que ele reclamava, sempre tinha uma piada pronta. Um cara realmente fora de série. Ganhou a admiração de quem trabalhava com ele e dos ouvintes, que muitas vezes ficavam até o final da jornada esportiva para ouvir as brincadeiras dele, independente do time ter ganhado ou perdido — lembrou Fernandes, que havia convivido com Nunes na CBN.

Um ano antes, em 2012, Edson Nunes foi entrevistado pela Gaúcha Zero Hora para explicar aos gaúchos, principalmente aos que gostam de turistar pela Ilha de Santa Catarina durante o verão, expressões do manezês, como ajojado (quieto, com preguiça), bucica (vira-lata), entanguido (magrelo, abatido) e não istrova (não atrapalha).

“O Tarrafinha é uma imitação do homem beira-mar, do pescador”, disse o humorista, na entrevista ao GZH.

Tchau para “tite”, Tarrafinha! Môquirido, dáx um banho!

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