Morre o ator Paulo José, aos 84 anos, no Rio de Janeiro

O ator Paulo José, de 84 anos, morreu nesta quarta-feira (11), segundo informação de Fefito, do BuzzFeed. Ainda de acordo com o G1, o artista estava internado há 20 dias e faleceu em decorrência de uma pneumonia.

Nascido em Lavras do Sul (RS), Paulo José convivia com mal de Parkinson desde 1993. Ele deixa esposa e quatro filhos. 

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O veterano artista iniciou sua trajetória no clássico filme O Padre e a Moça (1966), de Joaquim Pedro de Andrade. No cinema, ainda trabalhou em filmes como Todas as Mulheres do Mundo (1969) e O Palhaço (2011). Também atuou em novelas de sucesso da Globo como Por Amor e Explode Coração. 

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Paulo José, lenda do cinema e da televisão

Paulo José teve uma carreira prolífica que cobriu mais de cinco décadas, mas há anos estava afastado das telas por causa de um quadro de doença de Parkinson. Seu último grande papel no cinema foi em O Palhaço, dirigido por Selton Mello em 2011. Na Globo, sua participação de despedida foi na novela Em Família, de 2014. Mais recente, o documentário Todos os Paulos do Mundo, de 2017, relembrou sua trajetória. 

Paulo Guimarães Gómez de Souza, gaúcho de Lavras, era doce, amistoso e sempre disposto a trabalhar. Em 1993 foi diagnosticado com o Parkinson, depois de uma maratona de três dias sem dormir – para gravar um especial da Globo – e algumas doses de uísque White Horse. “Meu reino por um cavalo”, parodiou o artista-diretor após a maratona. “Cavalo branco”, completou, como revelou ele próprio em um depoimento recente. 

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Após beber, teve uma crise, acordou sem movimentos, com dificuldade de falar. Procurou um médico que fez dezenas de exames e, por eliminação, o diagnosticou com o degenerativo Parkinson. 

A notícia da doença se espalhou com muito mais velocidade que a própria, e em pouco tempo os colegas o olhavam com compaixão, evitavam lhe causar estresse ou lhe dar papéis difíceis. Não demorou para a má notícia chegar à cúpula da Globo. A emissora correu em seu auxílio. 

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José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, o licenciou da Central Globo de Novelas e o mandou para consulta nos Estados Unidos, no hospital mais especializado do mundo em Parkinson. Paulo passou meses em exames e fora do ar. Poucos anos depois, ainda descobriria ser portador de outra doença crônica, um enfisema pulmonar, provavelmente causado pelo fumo -hábito que reduziu, mas nunca abandonou. 

Poucos sabem que, embora seja conhecido por sua imensa obra dramática, primeiro no teatro, depois na TV e então no cinema, Paulo começou a carreira mesmo é na música. Foi no grupo musical vocal Gauchinhos Destemidos que ele subiu em palcos pela primeira vez. E isso antes dos oito anos de idade. 

Depois disso, ainda aluno do primeiro grau na rede de ensino, ele teria contato com peças de teatro, e foi aí que decidiu que queria ser: ator? Diretor? Roteirista? Ator? Tudo isso e mais um pouco. 

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Vasculhando o minucioso site Memória Globo, que procura registrar quase tudo e quase todos os que fizeram parte da história da maior emissora do país, é praticamente impossível encontrar qualquer outro artista – homem ou mulher – que tenha uma carreira tão produtiva quanto Paulo José. Respire fundo. 

Em seu currículo ele conta com quase 30 novelas, 13 minisséries, alguns programas infantis, juvenis, humorísticos, quase 50 longas e documentários para o cinema e um número incalculável de peças de teatro. Ganhou três vezes o Candango de melhor ator e um Kikito. Merecidamente foi homenageado no 5º Festival de Teatro do Rio. 

No teatro, fez de tudo sobre o palco e na coxia. Interpretou de Chico de Assis a Brecht (“O Testamento do Cangaceiro” e “Os Fuzis da Senhora Carrar”, respectivamente); de Molière a Kondoleon (“A Mandrágora” e “Delicadas Torturas”); de Tiago Santiago a Augusto Boal (“A Fonte Eterna da Juventude” e “Revolução na América do Sul”). Fora suas próprias obras ou primorosas adaptações. 

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Não só foi ator, mas carregou o cenário nas costas. Literalmente. Foi ator, produtor, diretor, roteirista, escritor, cenógrafo, iluminador e figurinista (pausa para recobrar o fôlego). Foi também empresário, dono de teatro, praticamente fundou o Teatro de Equipe e também foi investidor do teatro Arena. No cinema, a mesma coisa. Só faltou ser lanterninha ou pipoqueiro. 

Foi casado várias vezes. Oficialmente, com Dina Sfat, com Zezé Polessa e com Kika Lopes. Teve três filhas com espírito também artístico (Ana, Clara e Bel Kutner), mas teve muitos outros relacionamentos, longos, porém sem “oficialização”. Adorava a família e amava viver junto. “Eu adoro casar. Não canso”, disse. 

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Além desse “pequeno” legado, todas as semanas também tocava piano, fazia aulas de canto, de técnicas vocais, de terapia corporal, ioga, e centenas de sessões de fonoaudiologia. Deixou inúmeros roteiros prontos, ditou um audiobook. E fumava. Vá lá, dois ou três cigarrinhos por dia, mas fumava. Quando alguém se surpreendia com o vício, respondia à la Mario Quintana: “Fumar é uma maneira disfarçada de suspirar”. 

Hoje é o Brasil que suspira pela falta não só de Benjamim, mas de Shazan de “O Primeiro Amor” (tão fofo que acabou ganhando série própria com Flavio Migliaccio, o Xerife); do Ivan, de “Vamp”; do Marcelo de “Supermanoela”; do Celso Rezende de “Roda de Fogo”.

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*Leia mais no Metrópoles, parceiro do NSC Total. Com informações da Folhapress.

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