Morreu aos 66 anos o artista blumenauense Alexandre Venera. Ele estava morando em Urubici, na Serra Catarinense, onde sofreu um infarto. A última despedida e o enterro serão na cidade em que nasceu.
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Venera foi programador visual e multiartista. Diretor de teatro, fundador do Núcleo de Teatro Escola (NuTE), compositor, coordenador, dramaturgo e muito querido pela classe artística, a morte do blumenauense comoveu quem o conhecia dentro e fora dos palcos.
“Tristíssimo com a partida do querido amigo Alexandre Venera dos Santos, com quem comecei a fazer teatro, sendo um diretor competente e paciente com principiantes como eu”, escreveu Silvio da Luz nas redes sociais.
Entre os espetáculos que dirigiu estão “Apocalypsis Cum Figuris na Visão de Sta. Catarina, os Anjos e Nós”, “Macbeth´s – Uma Interferência na História”, “Variante Woyzek-Mauser”, “Veias Cativas” e “O Mendigo ou o Cão Morto”, com o primeiro nu de uma peça blumenauense encenada no palco do Teatro Carlos Gomes.
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O diretor da Cia Carona de Teatro, Pepe Sedrez, também lamentou a morte do amigo nas redes sociais: “Muito triste com a notícia de falecimento do meu grande mestre, diretor genial,
artista incrível”, escreveu.
A última homenagem ocorre na Igreja Martin Luther, localizada na Rua Coronel Feddersen, 106, no bairro Itoupava Seca, em Blumenau. O sepultamento será no sábado (24), às 10h, no Cemitério da Rua Bahia.
Um artista à frente do seu tempo
Alexandre Venera dos Santos foi coordenador e professor do NuTE por mais de 15 anos. Recebeu diversos prêmios de direção, cenografia, sonoplastia e dramaturgia. Depois, partiu para a arte multimídia e digital, e unia poesias, instalações multimídia interativas e performances em tempo real – trabalhos inéditos na cena brasileira.
Trabalhou com artistas nacionais e internacionais, usando a internet como meio colaborativo de produção. Quem o conheceu na década de 1980 organizando a agenda de eventos como funcionário do Teatro Carlos Gomes não imaginava a explosão artística que se passava dentro dele.
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Em tempos sem redes sociais, Venera criou o NuTE com montagens experimentais, coletivas e com estética internacional. Criou os Jogos de Teatro, Texto, Interpretação e Técnica nas Artes Cênicas (JOTE Titac), que consistiam em cursos de teatro. Os espetáculos dirigidos por ele foram apresentados em Santa Catarina e outros Estados.
Nos anos 2000, já ao lado da artista Juliana Teodoro, Venera expandiu ainda mais a própria arte, criando o coletivo Opioptico, que integrava poesia eletrônica, artes visuais e intervenções urbanas. Com o projeto Chamalotes Reconvexo Itinerante, foram convidados em 2013 a participar do Festival Reconvexo, no Recôncavo Baiano e depois no Espaço Cultural da Caixa, em Brasília, com vídeo-projeções mapeadas, muito antes do conceito mapping ser utilizado e adotado em países europeus.
A crítica da Associação Internacional de Críticos de Arte, Roseli Hoffmann, destacou que o trabalho de Alexandre e Juliana eram absolutamente inéditos e transformadores, e foram apresentados no Brasil meses antes do mesmo conceito ser levado em exposição no MOMA, em Nova Iorque.
Entre tantos outros trabalhos desenvolvidos Venera criou uma biblioteca de teatro com uma “textoteca” (um acervo de textos teatrais), ministrou cursos de interpretação para cinema e TV, produzindo vinhetas comerciais e o documentário “O Pioneiro da Imprensa: Hermann Baumgarten” e fundou escolas e cursos permanentes de teatro em cidades vizinhas a Blumenau.
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