O golfinho que encalhou em uma praia de Itapema na última sexta-feira (17) morreu. Ele chegou a ser resgatado com vida e uma força-tarefa foi montada para levá-lo à Florianópolis, onde permaneceu monitorado por veterinários em uma piscina adequada. Entretanto, apesar de todos os esforços, o animal faleceu horas mais tarde, já na madrugada de sábado (18). Um exame necroscópico mostrou que a causa do óbito está diretamente ligada à quantidade de lixo nos oceanos.

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A Associação R3 Animal, que atua no Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos, informou que durante o procedimento pós-morte encontrou grande quantidade de resíduos no esôfago e no estômago do golfinho. Havia, inclusive, um pedaço de madeira de quase 20 centímetros e meio quilo de plástico (veja imagens abaixo). A descoberta levou os veterinários a concluírem que o lixo marinho ingerido foi responsável por debilitar a saúde do animal e provocar a morte dele.

“Resíduos como madeira e plástico lesionam as mucosas do esôfago de animais marinhos, o que leva a úlceras e hemorragias. Além disso, o lixo marinho no organismo prejudica a absorção de nutrientes e, com o estômago cheio, faz com que o animal não busque alimentos que deveriam ingerir”, explicou a Associação R3 Animal em nota divulgada nesta quinta-feira (23), quando informou o óbito.

O golfinho era uma fêmea de aproximadamente 70 kg e cerca de dois metros de comprimento.

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A situação traz à tona um cenário triste, porém ainda bastante comum. Somente no ano passado, aproximadamente 14% dos animais necropsiados pelo projeto na área de Santa Catarina e do Paraná tiveram alguma interação com lixo marinho. De acordo com a Marinha do Brasil, estima-se que 80% desse material tenha origem em terra, chegando aos oceanos por meio dos cursos d’água, o que indica uma necessidade de melhor gestão dos recursos hídricos e dos resíduos sólidos.

Impactos do acúmulo de lixo no mar

  • Meio Ambiente: aumento da pressão sobre os ecossistemas marinhos e sobre a biodiversidade.
  • Finanças Públicas: aumento de gastos das autoridades locais e perda de potencial de receita com atividades de turismo, lazer e recreação.
  • Economia: aumento da pressão econômica nos setores de transporte e navegação, afetando a segurança do tráfego aquaviário, pelo aumento de incrustações, obstrução de equipamentos, perda de eficiência e necessidade crescente de reparos, além da elevação de custos para a pesca e o turismo.
  • Social: aumento de riscos à saúde humana, devido à liberação de substâncias químicas que acabam se acumulando progressivamente nas cadeias alimentares, contaminando mexilhões, ostras e outros animais, que são consumidos pelo homem.

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