Rosalina Pereira Frutuoso, a “dona Zara”, personalidade conhecida na Costa da Lagoa, em Florianópolis, morreu na madrugada desta quinta-feira (25), aos 94 anos, na casa do bairro onde morou a vida inteira. Ela era conhecida por sempre oferecer café de “coador escaldado” e bolo aos moradores e turistas da região, e era mãe de 21 filhos.

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Dona Zara morava entre o ponto 13 e 14 da Costa da Lagoa, em uma casa azul, conforme conta o filho Nildo Nicodemo Frutuoso, de 64 anos, pescador aposentado que também é morador da região.

— Igual ela, é muito difícil de encontrar. Ela era uma pessoa fantástica — diz ele.

Moradora da localidade a vida inteira, era dona de casa e teve 21 filhos: 10 mulheres e 11 homens. Nildo conta que ela costumava brincar com o pai deles, Nicodemo José Frutuoso, já falecido, que teria um filho para cada um. Ou seja, as mulheres seriam “dela” e os homens seriam “dele”.

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Nildo estima ser o décimo entre os irmãos, que resultaram em uma família de pescadores, assim como o pai. Quase todos ainda moram na Costa da Lagoa.

— Debaixo das asas dela, cabiam todos os 21 filhos. Agora, é uma saudade que fica para a vida. Nós estivemos tantas décadas perto dela — diz ele.

Ele diz que uma das saudades da mãe será o “café com bolinho”, que ela sempre oferecia a ele, aos outros filhos e aos moradores.

— Eu trabalhava a cinco metros da casa dela, e às vezes pensava “vou lá na mãe”. Eu nem chegava na porta e ela já me chamava para tomar café. Se tinha 20 pessoas comigo, todos tomavam — relembra.

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Ela ficava o dia inteiro preparando e renovando o café, que sempre estava “fresquinho” para receber as pessoas. A 100 metros de distância, era possível sentir o cheiro, conta ele.

— Chegava a ser difícil o pessoal passar na frente da casa sem ela chamá-los para “tomar um cafézinho” — relata.

Personalidade conhecida

Além de ser conhecida por dona Zara, ela também era chamada de “diguinha”, mas de acordo com o filho, a mãe era conhecida por tantas pessoas que seria necessário perguntar o motivo dos apelidos para as pessoas que nasceram foram criadas junto com ela.

— Para ela, não tinha tempo ruim: se estava chovendo o dia estava bom, se estava frio, estava bom. Se chovia ou fazia sol, estava ótimo — recorda a personalidade da mãe.

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Uma das lembranças claras que ele tem da casa onde cresceu eram as quase 200 e poucas fraldas de pano penduradas no varal, no período da infância.

Ele conta também que a mãe às vezes lavava as roupas dos filhos na cachoeira que está a 500 metros da localidade, levando duas bacias de roupa cheias em uma canoa: “hoje, ninguém mais faz isso”.

— Que pena que não tínhamos um bom celular ou uma boa filmadora para mostrarmos a trajetória dela, que foi uma paixão de vida — afirma ele.

21 filhos

Dona Zara era uma mulher de aproximadamente 1,60 de altura. Entre os 21 filhos, chegou a dar luz a gêmeos e trigêmeos. O filho, inclusive, diz que ela foi uma das primeiras mulheres da capital catarinense a ter trigêmeos, e por isso ficou conhecida no Estado.

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— Onde ela ia, ela levava todos. Quantas dificuldades a gente enfrenta para criar um filho? Isso chamava [a atenção da] comunidade para ela — explica.

Além dos 21 filhos, dona Zara tinha 48 netos, 28 bisnetos e um tataraneto.

Despedida

O velório e sepultamento aconteceram na tarde desta quinta-feira (25), às 15h, na Lagoa da Conceição. Ele foi aberto à familiares e aos conhecidos de dona Zara.

— Estou contente. Tenho certeza que, na vida, ela fez tudo que gostava — finaliza o filho.

*Sob supervisão de Jean Laurindo

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