O Morro do Mocotó amanheceu em silêncio. Dona Lucimar Bittencourt, matriarca da família Bittencourt, uma das mais tradicionais da comunidade, faleceu aos 93 anos na manhã deste sábado, 22, no Hospital de Caridade, em Florianópolis. O corpo será velado no cemitério São Francisco de Assim, no bairro Itacorubi, a partir das 17h e o enterro será às 10h de domingo, 23.

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Chayeni Bittencourt, 31, neta de Luci, conta que a saúde da avó piorou muito nos últimos quatro anos. Ela tinha Alzheimer e já não caminhava mais, mesmo assim lutava pela vida. Há um mês, dona Luci foi internada no Hospital de Caridade por causa de uma infecção nos pulmões, mas o quadro se agravou e ela teve uma bactéria no intestino. O falecimento foi às 9h30min deste sábado.

Dona Luci nasceu no Morro do Mocotó, era filha de lavadeira e teve a oportunidade de estudar até a quarta série. Com 14 anos foi trabalhar na fábrica de bala do velho João Moritz. Aos 19 anos casou-se com o alfaiate Ademar Bittencourt, mas ficou viúva com 58 anos e com a responsabilidade de criar os filhos sozinha. Foram 22 filhos.

Em entrevista ao nosso colunista Edsoul, em 2013, recordou o tempo da mocidade, quando as embarcações atracavam no antigo cais e os marinheiros viajantes subiam a ladeira para saborear o suculento mocotó que ali era servido (por isso o nome do morro).

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Com muitas risadas, ela contou que parou de contar a quantidade de netos quando o número chegou a 57. Bisnetos, então, nem se fala.

— Essa luta dela até hoje vai servir de legado para toda a nossa família. Ela lutou muito para viver a cada dia e isso ficará de exemplo para nós — diz Chayeni em nome de toda a família.