O jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, afirmou nesta terça-feira (25) que as trocas de mensagem reveladas pelo site mostram que o ministro da Justiça, Sergio Moro, era o "chefe da força-tarefa da Lava-Jato".
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— O material já mostrou e vai continuar mostrando que Moro era o chefe da força-tarefa da Lava-Jato, que era o chefe dos procuradores. Ele (Moro) está o tempo todo mandando o que os procuradores deveriam fazer e depois entrando no tribunal e fingindo que era neutro. Já mostramos isso, mas vai ter muito mais material ainda — declarou o jornalista, em audiência pública na Câmara dos Deputados.
O site fundado por Greenwald tem publicado mensagens de integrantes da força-tarefa e do próprio Moro que indicam que o ministro, enquanto juiz da Lava-Jato, interferiu na atuação dos procuradores, sugerindo que eles invertessem a ordem de operações e dando pistas de investigações.
Reportagem da Folha de S.Paulo e do The Intercept Brasil no domingo (23) mostrou que procuradores da Operação Lava-Jato se articularam para proteger Moro e evitar que tensões entre ele e o Supremo Tribunal Federal paralisassem as investigações num momento crítico para a força-tarefa em 2016.
Moro diz não reconhecer a autenticidade das mensagens obtidas pelo Intercept e nega ter cometido ilegalidades na condução da Lava-Jato.
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— Nos Estados Unidos é impensável que um juiz consiga fazer isso — disse o jornalista nesta terça-feira.
Segundo ele, em outros países democráticos juízes que tenham feito uma atuação semelhante perderiam o cargo e seriam proibidos de exercer suas funções. A audiência pública na Câmara teve a presença principalmente de parlamentares da oposição.
Uma das poucas aliadas de Moro que falaram foi a deputada Policial Katia Sastre (PL-SP), que disse que Greenwald deveria ser preso.
— Quem deveria ser julgado e condenado e sair daqui preso é o jornalista, que em conjunto com o hacker cometeu crime — disse a parlamentar.
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