O juiz federal Sérgio Moro abriu ação penal, nesta sexta-feira, contra o marqueteiro do PT João Santana e sua esposa, Mônica Moura, e mais dez pessoas, entre elas o maior empreiteiro do país, Marcelo Odebrecht, e o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Eles são acusados por organização criminosa e lavagem de dinheiro no esquema de cartel e corrupção na Petrobras.
Continua depois da publicidade
“Presentes indícios suficientes de autoria e materialidade, recebo a denúncia contra os acusados acima nominados”, informa a decisão de Moro. Santana trabalhou nas campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, e nas campanhas da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014.
Leia mais
Lava-Jato investiga novo elo de laranjas com João Santana
Ministério Público Federal apura se dinheiro de Bumlai pagou João Santana
Continua depois da publicidade
Cássio Cunha Lima diz que pedirá inclusão da Lava-Jato no pedido de impeachment
Fruto da 26ª fase da Lava-Jato, a Operação Xepa, a ação tem como foco os pagamentos para o marqueteiro do PT feitos pelo “setor profissional de propinas” da Odebrecht. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Odebrecht tinha conhecimento do setor e inclusive teria atuado para desmontá-lo e proteger os funcionários das investigações.
“Há provas decorrentes de depoimentos de criminosos colaboradores conjugados com provas documentais de transferências bancárias subreptícias, inclusive das contas no exterior e de planilhas apreendidas”, escreveu Moro, em sua decisão.
Também integra a lista de novos réus da Lava-Jato a ex-secretária Maria Lúcia Tavares, que atuava no Setor de Operações Estruturadas, nome oficial do “departamento de propinas” da Odebrecht, e que fez acordo de colaboração a partir do qual revelou como funcionava o esquema de pagamentos ilícitos da empreiteira.
Na denúncia, o MPF aponta os repasses do setor de propinas para o casal de marqueteiros, que teriam recebido US$ 6,4 milhões no exterior de contas atribuídas à Odebrecht e R$ 23,5 milhões no Brasil. Ao todo foram 45 pagamentos aos marqueteiros no Brasil, de 24 de outubro 2014, ainda durante o período eleitoral até 22 de maio 2015, “o que mostra um acinte em relação à Justiça”, afirmou o coordenador da Lava-Jato, Deltan Dallagnol, ao explicar, ontem, a acusação contra os denunciados.
Continua depois da publicidade
Procurada, a Odebrecht informou por meio de sua assessoria de imprensa que “a empresa não se manifestará sobre o tema”. Já os advogados de defesa de João Santana e a esposa informam que “não farão nenhum comentário sobre as novas denúncias formuladas pelo Ministério Público Federal”.
Além de Odebrecht, Maria Lúcia Tavares, Santana e a esposa e Vaccari Neto, a lista de réus da Operação Xepa é composta por ángela Palmeira Ferreira, Fernando Migliacci da Silva, Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, Isaías Ubiraci Chaves Santos, Luiz Eduardo da Rocha Soares, Marcelo Rodrigues e Olívio Rodrigues Júnior.


*Estadão Conteúdo