O músico Moraes Moreira morreu aos 72 anos, nesta segunda-feira (13), no Rio de Janeiro. Conhecido pelas músicas marcantes da época da banda Novos Baianos e pela carreira solo, o cantor também é lembrado pelas poesias e análises sociais sobre o Brasil. A mais recente análise foi publicada no Instagram, em formato de cordel, sobre a quarentena enfrentada pelo artista no combate ao novo coronavírus.

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Ao relatar o sentimento de “estar em quarentena”, Moraes Moreira postou que se dividia entre o apartamento e o escritório, ambos no bairro Gávea, na capital fluminense. O cordel, segundo a última postagem do cantor, foi escrito no dia 17 de março, dias antes da morte do músico.

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A rima fala sobre a situação atual do país em relação ao novo coronavírus. Moraes Moreira escreveu no cordel que possuía medo da pandemia, mas também temia casos de injustiça social.

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Confira um trecho do cordel abaixo

"Assombra-me a pandemia

Que agora domina o mundo

Mas tenho uma garantia

Não sou nenhum vagabundo

Porque todo cidadão

Merece mais atenção

O sentimento é profundo"

Leia o cordel completo na publicação de Moraes Moreira no Instagram

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Oi pessoal estou aqui na Gávea entre minha casa e escritório que ficam próximos,cumprindo minha quarentena,tocando e escrevendo sem parar. Este Cordel nasceu na madrugada do dia 17, envio para apreciação de vocês .Boa sorte Quarentena (Moraes Moreira) Eu temo o coronavirus E zelo por minha vida Mas tenho medo de tiros Também de bala perdida, A nossa fé é vacina O professor que me ensina Será minha própria lida Assombra-me a pandemia Que agora domina o mundo Mas tenho uma garantia Não sou nenhum vagabundo, Porque todo cidadão Merece mas atenção O sentimento é profundo Eu não queria essa praga Que não é mais do Egito Não quero que ela traga O mal que sempre eu evito, Os males não são eternos Pois os recursos modernos Estão aí, acredito De quem será esse lucro Ou mesmo a teoria? Detesto falar de estrupo Eu gosto é de poesia, Mas creio na consciência E digo não a todo dia Eu tenho medo do excesso Que seja em qualquer sentido Mas também do retrocesso Que por aí escondido, As vezes é o que notamos Passar o que já passamos Jamais será esquecido Até aceito a polícia Mas quando muda de letra E se transforma em milícia Odeio essa mutreta, Pra combater o que alarma Só tenho mesmo uma arma Que é a minha caneta Com tanta coisa inda cismo…. Estão na ordem do dia Eu digo não ao machismo Também a misoginia, Tem outros que eu não aceito É o tal do preconceito E as sombras da hipocrisia As coisas já forem postas Mas prevalecem os relés Queremos sim ter respostas Sobre as nossas Marielles, Em meio a um mundo efêmero Não é só questão de gênero Nem de homens ou mulheres O que vale é o ser humano E sua dignidade Vivemos num mundo insano Queremos mais liberdade, Pra que tudo isso mude Certeza, ninguém se ilude Não tem tempo,nem.idade

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