De um lado, os moradores. Do outro, os travestis. Antes, ambos eram personagens da mesma rua, até que, na semana passada, a convivência chegou ao limite.

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Descontentes com o negócio, que vara a madrugada e atrai dezenas de pessoas todos os dias, um grupo de residentes da Rua Maria Munchen de Souza, no Bairro Kobrasol, em São José, se mobilizou para encontrar uma solução.

A prática é permitida por lei

Para acabar com a prostituição no local – prática que é permitida, pois o Código Penal apenas proíbe induzir pessoas à prostituição -, os moradores procuraram o 7º Batalhão da PM. Receberam como apoio uma viatura estacionada na esquina com a Rua Lídio Antônio de Matos, por três dias da última semana, para colocar em prática uma ideia: fotografar e filmar a aproximação dos interessados em fazer programa no local, como forma de inibição à clientela.

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Atos obscenos, brigas e drogas

Os moradores reclamam de atos obscenos, de brigas constantes, do consumo e até tráfico de drogas, além dos programas feitos ali mesmo, nos carros dos clientes, que costumam deixar preservativos usados pela rua.

– Era constragedor. Não se podia receber visitas, porque, quando o carro diminuía para estacionar, um travesti já se insinuava, achando que era cliente – contou a servidora pública Kátia Regina Losi, 49 anos.

União fez a força

No primeiro dia da iniciativa dos moradores, quarta-feira, 10 pessoas participaram. Aumentou para 40 no segundo dia. Outra noite, e mais gente apareceu.

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– Eu li um aviso no elevador do edifício e vim ajudar – contou a arquiteta Cristiane Silveira, 26.

O resultado foi um esvaziamento do negócio na via, que chegou a ter mais de 10 travestis trabalhando, segundo os residentes.

Buscaram outro ponto

Com o obstáculo imposto pelos moradores, muitos profissionais do sexo se mudaram para calçadas da marginal da BR-101, como o travesti conhecido como Paloma.

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– O problema foi que juntou muita gente. Começou a irritar os moradores. Vira e mexe tinha briga com cliente e alguns jogavam camisinha na rua – contou.

Ela diz que é comum o uso de drogas, mas nega ter visto tráfico.

Iniciativa

Os moradores se uniram e conseguiram uma solução. “A comunidade desceu dos apartamentos e tomou as esquinas, em grupos de cinco a 10 pessoas. E deu certo. Sem conflitos, os travestis passaram a trabalhar às margens da BR-101”, revelou um dos idealizadores da ação, o escrivão Max Magno Vieira, 40 anos.