Desde a última segunda-feira, a moradora de Camboriú _ Litoral Norte de SC_ Sueli Costa, 53 anos, não sabe o que é chegar em casa do trabalho e tomar um bom banho para se refrescar. A diarista está sem água na residência em que mora com a filha, o genro e a neta, no loteamento Santa Regina.
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_ A gente com calor, trabalhando, chega em casa e não tem nem uma gota d’água. É um absurdo! _ desabafa Sueli.
Para poder tomar banho, a família está indo todos os dias para Balneário Camboriú na casa da sogra da filha de Sueli, que fica no Bairro das Nações.
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A diarista conta que para ter água para beber, ou mesmo para as atividades domésticas, ela está se socorrendo em uma casa no início da Rua Minas Gerais, bairro Areias, onde há um poço artesiano. Na residência, que segundo Sueli pertence a um ex-vereador do município, há uma torneira que dá para a parte de fora do terreno, onde os moradores estão autorizados a pegar água, de acordo com a moradora.
A casa da diarista tem uma caixa d’água com capacidade para 500 litros. O recomendado para uma residência com quatro pessoas é no mínimo 1,5 mil litros, conforme a Emasa _ empresa de Balneário Camboriú que fornece água para Camboriú.
_ Pelo amor de Deus, que eles se compadeçam da gente! Achamos que eles desligaram as bombas que mandam água para cá, para ter água em Balneário Camboriú, porque a cidade está cheia de turistas e lá não faltou _ disse Sueli.
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A doméstica Maria do Carmo Flor, 56 anos, que vive na rua Pernambuco, bairro Areias, está sofrendo com a falta d’água desde a noite de sábado. No terreno em que ela mora há ainda outras três casas, totalizando 19 pessoas sem água. As residências do local não contam com reservatório.
_ Estou tomando banho na cachoeira _ conta, revoltada.
Maria explica que quando consegue carona vai até um rio no bairro Rio Pequeno para fazer a higiene. Para as atividades do dia a dia ela também está recorrendo ao poço artesiano da rua Minas Gerais.
Contraponto
A diretora técnica da Emasa, Kelli Cristina Dacol, nega que a empresa esteja enviando menos água a Camboriú ou deixando a cidade desabastecida.
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_ Camboriú está recebendo a pressão máxima de água. Estamos operando em conjunto com a Secretaria de Saneamento Básico (Sesb). Em momento nenhum privilegiamos uma cidade em detrimento da outra. A distribuição está ocorrendo de forma equânime e proporcional _ garante Kelli.
Causa seria despressurização da rede, afirma diretor
O diretor técnico da Sanecom Saneamento e Construções _ empresa contratada pela Secretaria de Saneamento Básico de Camboriú (Sesb) para fazer a distribuição de água no município_ , Umberto Sell, confirma o desabastecimento nos bairros mais distantes do Centro. As localidades afetadas são Rio Pequeno, Cedro, Barranco e Santa Regina, além dos pontos mais altos da cidade, como algumas ruas dos bairros Monte Alegre e Conde Vila Verde.
Sell atribui a falta d’água em Camboriú à despressurização da rede de distribuição. Ele explica que o temporal que atingiu a região no último domingo e outros incidentes que causaram interrupções no sistema elétrico e operacional, como a queda de uma placa de propaganda política sobre fios de alta tensão, impediram a captação e o tratamento da água por cerca de 18 horas no início desta semana. A suspensão na produção da água, aliada ao alto consumo, causaram a falta de pressão na rede, conforme o diretor.
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De acordo com Sell, para cada hora sem produção de água leva-se outras quatro para restabelecer o sistema.
_ A previsão é que normalize sábado ou domingo, se não tivermos nenhum outro problema _ informa o diretor técnico.
O consumo elevado também colabora para a despressurização. De acordo com a Sanecom, a população de Camboriú pulou de 80 mil pessoas para 110 mil nesses últimos dias. Além disso, cerca de 90% das residências do loteamento Santa Regina possuem caixa d’água de 250 ou 320 litros, o que seria insuficiente até para atender uma pessoa durante 24 horas.
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Fragilidade na rede elétrica
Segundo Sell, a Prefeitura de Camboriú já abriu pelo menos quatro protocolos junto à Celesc nos últimos meses para solicitar manutenções e melhorias no sistema elétrico da cidade, mas ainda não foi atendida. Um sistema elétrico mais forte, conforme o diretor, ajudaria a evitar interrupções na produção e distribuição da água.
_ Temos um booster de alta capacidade (bomba de recalque que faz a água chegar até os lugares mais altos) instalado há quase dois anos no bairro Conde Vila Verde para atender a parte mais alta, mas não está funcionando porque a rede elétrica não comporta _ afirma.
A reportagem ligou várias vezes para o celular do administrador regional da Celesc, Iron Silva, mas não conseguiu contato.
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A Sesb disponibilizou três caminhões-pipa para atender às residências sem água. Para solicitar o auxílio é preciso ligar para 3365-2083. O serviço é gratuito.
Balneário Camboriú também registra desabastecimento
Em Balneário Camboriú, conforme a diretora técnica da Emasa, Kelli Cristina Dacol, estão sendo registrados desabastecimentos pontuais em locais como pontas de rede ou lugares mais altos. Até o momento a empresa registrou falta de água em residências ou condomínios dos bairros Nova Esperança, São Judas Tadeu e em partes altas dos bairros Ariribá e das Nações. A causa, segundo ela, é a diminuição na pressão da rede de distribuição. A previsão é para que na segunda-feira o abastecimento volte ao normal na cidade.