Parte de 40 áreas residenciais serão desapropriadas pela prefeitura de Florianópolis para a pavimentação da rua Padre Rohr, que liga o bairro Santo Antônio de Lisboa à Barra do Sambaqui, no norte da Ilha. A obra, que prevê asfaltamento, construção de calçadas, ciclovias, duas faixas de rolamento e implantação de nova iluminação pública, começou no início do ano com demarcação, drenagem e instalação de galerias pluviais. Nenhuma casa será removida.

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Mesmo assim, nem todos os moradores estão de acordo com a obra.

Rafael Hahne, secretário municipal de obras, explica que as ocupações do local são antigas, caracterizadas como rurais e, por esse motivo, não haverá prejuízo considerável aos moradores. Segundo o secretário, a obra irá valorizar a área.

– Contamos com a parceria dos moradores para tramitação dos acordos – torce.

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Equipes da Secretaria de Assistência Social têm auxiliado na negociação em reuniões realizadas com as associações de bairros.

Investiu em canaletas e poço

A queixa é a de que a prefeitura não está disposta a pagar indenização pela cessão de parte dos lotes.

– Nas duas reuniões com a comunidade no início do ano, a secretaria prometeu apenas benfeitorias no terreno, como a recolocação de muros – explica Adriano Ribeiro, presidente do Conselho Comunitário da Barra do Sambaqui.

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A promessa preocupa Marcides Bittencourt, 62, nativo da rua Padre Rohr. Segundo o morador, a obra irá tomar 5 metros de seu terreno, fazendo com que o muro seja derrubado e o quintal diminuído.

– Não sou contrário à pavimentação, mas a obra está sendo pensada apenas para os empresários de Santo Antônio [de Lisboa]. Investi meu próprio dinheiro para colocar canaletas, construir um poço artesiano e murar minha casa. Cedo meu terreno com a condição de que isso não será jogado no lixo. As propriedades devem ser respeitadas – defende.

Aprova, mas se preocupa

Diogo Chicatto, 25, que frequenta o sítio de sua vó na rua Padre Rohr desde a infância, enxerga a obra como benfeitoria. A propriedade da família Chicatto, no entanto, não será tão prejudicada com o alargamento da rua porque a residência encontra-se mais afastada da rodovia. Mesmo assim o jovem preocupa-se com a limpeza da vegetação, necessária à obra.

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– Essa palmeira terá de ser retirada. Espero que a prefeitura se lembre de replantá-la. Existem espécies nativas que precisam ser preservadas – salienta.

Melhoria para a mobilidade

Apesar dos entraves, Celso Martins da Silveira Júnior, morador do bairro Santo Antônio de Lisboa, a obra trará benefícios para os bairros do entorno.

– A pavimentação é uma reivindicação antiga dos moradores e irá melhorar o trânsito, principalmente no verão – argumenta.

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Aguarda licença ambiental

De acordo com o engenheiro do Departamento Operacional da Secretaria Municipal de Obras, Antônio Simões Neto, o trecho da rua Padre Rohr mais próximo ao bairro Santo Antônio de Lisboa aguarda uma licença para corte de árvores da Fundação do Meio Ambiente (FATMA) para continuidade da limpeza da vegetação. O órgão ambiental alega que além de espécies nativas, que devem ser preservadas, há na região um curso d’água.

– Já possuímos autorização da Floram, mas aguardamos o sinal da FATMA para darmos sequência à terraplanagem – explica o engenheiro. Mesmo assim, a obra não está parada e a empreiteira segue com os trabalhos de drenagem em outros trechos da rua.

Segundo a Assessoria de Comunicação da FATMA, técnicos estiveram avaliando o local na tarde de ontem, quinta-feira, e devem ter uma resposta nos próximos dias. A reportagem irá acompanhar a liberação.

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