Moradores do Campeche, em Florianópolis, fizeram um protesto na manhã deste domingo (21) contra as obras de contenção em um trecho da praia, que buscam conter a erosão e os danos provocados a imóveis construídos no local.

Continua depois da publicidade

A manifestação concentrou pelo menos 150 pessoas em uma caminhada na orla da praia. Eles exibiram cartazes e faixas contra as obras no local. Agentes da Guarda Municipal e da Polícia Militar acompanharam o ato.

A Associação de Moradores do Campeche (Amocam) é contra as chamadas obras de enrocamento, que consistem na colocação de rochas para conter os danos causados pela força das ondas. A entidade considera que não há estudos que comprovem que a intervenção não poderia provocar reflexos no restante da praia, com outros processos de erosão. A associação organiza um abaixo-assinado contra a alteração estrutural no local, e diz que o enrocamento poderia interferir até na pesca.

O projeto para obras de contenção naquele ponto da praia do Campeche partiu da Associação de Moradores do Jardim dos Eucaliptos (Amoje), que defende a intervenção.

Fundação diz que pedido de enrocamento ainda não foi analisado

Moradores fizeram protesto neste domingo
Moradores fizeram protesto neste domingo (Foto: Rafael Censi, arquivo pessoal)

A Fundação Municipal do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) afirma que o que está em execução no local no momento não são obras de enrocamento, mas uma estrutura chamada de paliçadas – colocação de sacos de areia e troncos de madeira para conter a força das ondas durante períodos de ressaca, uma intervenção considerada de menor impacto.

Continua depois da publicidade

O superintendente da Floram, Rafael Poletto, explica que a obra foi autorizada pela Defesa Civil do município por causa do risco que o avanço da erosão no local pode representar para os moradores das casas e para quem circula na praia. Segundo ele, inspeções recentes apontaram que a obra estava sendo feita de acordo com o que foi autorizado.

O superintendente da Floram explica que existe, sim, um pedido de autorização para uma obra de enrocamento no local, mas afirma que essa solicitação ainda não foi analisada pelo município. A única intervenção que está autorizada é a contenção com areia e madeira, mas que também é questionada por associações como a Amocam, que participaram do protesto deste domingo.

A Amocam diz em uma publicação da semana passada na sua página em uma rede social que há irregularidades mesmo na construção das paliçadas, como a execução de obra na área da praia e uso de trator em local de preservação. A Defesa Civil não retornou à reportagem para detalhar os questionamentos da entidade.

– A gente não quer o enrocamento, e estamos vendo várias irregularidades nas paliçadas. Eles estão avançando sobre a área de praia, que é área pública – aponta o presidente da Amocam, Alencar Deck Vigano, que também cita o uso de outros materiais além da areia e da madeira na obra.

Continua depois da publicidade

As obras de contenção em andamento foram iniciadas após estragos provocados pela maré no início deste mês. 

A associação também considera irregulares as construções que ocupam as dunas e defende a remoção dos imóveis para recuperar a área de proteção ambiental. O assunto é alvo de uma ação judicial que está no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). A decisão na primeira instância defendeu a remoção das casas. O município diz que espera uma decisão definitiva da Justiça Federal para definir sobre a remoção ou não dos imóveis no local.

Para a Amocam, a solução para o local envolveria a retirada das casas do local.

– O que a gente quer é que as casas que estão na frente, quase caindo, sejam retiradas dali. Não tem por que fazer paliçada para salvar uma casa que está condenada – opina o líder comunitário.

Protesto reuniu manifestantes na orla da praia do Campeche, em Florianópolis
Protesto reuniu manifestantes na orla da praia do Campeche, em Florianópolis (Foto: Rafael Censi, arquivo pessoal)

Continua depois da publicidade