O trânsito no principal acesso à praia da Enseada, em São Francisco do Sul, foi bloqueado várias vezes por cerca de uma hora no fim da tarde desta sexta-feira por um grupo de moradores que protestava contra o desabastecimento.

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A falta de água e de energia elétrica tem afastado os turistas desde o Natal. Algumas casas ficaram até três dias sem uma gota de água, mesmo após o anúncio de um rodízio administrado pelo Samae.

Cerca de 50 pessoas participaram da manifestação com faixas, cartazes e apitos. Apesar das filas, boa parte dos motoristas que passava pelo local demonstrava apoio aos manifestantes.

A PM acompanhou parte da manifestação à distância. Quando o bloqueio completou dez minutos, os policiais negociaram a abertura de uma das pistas a cada dois minutos.

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Moradora da Enseada e no último mês de gestação, Niara Rocha manifestou sua indignação na barriga, com a expressão “quero água”.

-É uma falta de consideracao com os moradores-, dizia, enquanto apitava e ajudava a liderar os manifestantes.

Enquanto o grupo se mobilizava sobre a ponte, cerca de 2 km dali, a turista Vera Castilho colocava uma panela sobre a soleira da casa para captar a água da chuva. Ela e outros 11 integrantes da família viajaram de Jaraguá do Sul para passar duas semanas na Enseada. Na sexta, só cinco pessoas permaneciam na casa.

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-Os outros foram embora. Não dá para ficar sem água para tomar banho, cozinhar-, disse.

Para piorar a situação, a rua onde ela alugou a casa, a Rio de Janeiro, foi uma das mais afetadas pelo temporal que caiu na sexta à tarde e alagou em alguns minutos. Ela ainda teve de tirar a água de dentro da casa.

A falta de água nas praias de São Francisco transformou a rotina do comerciante Gilberto Goulart. Desde o Natal, ele passa as madrugadas viajando para buscar água em bombonas de 20 litros na região de Curitiba e Florianópolis.

-São 800 bombonas de água todos os dias. Não vencemos. As pessoas brigam para comprar.

O galão de água que custava em torno de R$ 6 está sendo vendido a R$ 10 na Enseada.