Dezenas de pessoas se reuniram na manhã deste domingo no canto direito da praia de Quatro Ilhas, em Bombinhas, para fazer um abraço coletivo e pedir proteção ambiental. Promovido pelos grupos Associação Bombinhas de Surf, Unidos por Bombinhas e SOS 4 Ilhas – Bombinhas, moradores pedem a preservação da área, a revisão do Plano Diretor do município e reivindicam que construções na área sejam vetadas pelo poder público.
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O protesto iniciou às 10h e os manifestantes caminharam em direção à praia com cartazes e faixas, onde eles se reuniram em um abraço simbólico. Na última semana, uma rua foi aberta e uma área de Mata Atlântica foi desmatada na Avenida Ilha do Arvoredo.
Segundo o morador e voluntário do movimento Unidos Por Bombinhas, Nison Coelho, no local onde foi aberta a rua tem mangue, riacho e há uma área de restinga arbórea:
– Houve mudança no plano diretor vigente, que é de 2009, alterando a área de Zona de Preservação Permanente (ZPP) para Zona de Ocupação Costeira (ZOC). Mas mesmo assim, aquela área tem características de Área de Preservação Permanente, independente do plano diretor autorizar a ocupação. Área de restinga, com riachos. Isso é algo a ser questionado.
O surfista argentino naturalizado brasileiro e radicado em Bombinhas, Alejo Muniz, também aderiu à campanha que está nas redes sociais com a #sos4ilhas. Na sua página do Facebook, ela lamentou ter recebido a notícia da construção de um condomínio no canto da praia, local que ele define como “o lugar que eu e tantas pessoas viveram muitas felicidades, o lugar que eu aprendi a surfar, o lugar de onde meu pai tirou sustento para minha família com a escola de surf, o lugar da tainha mais saborosa”. Até domingo, mais de 15,5 mil pessoas haviam curtido a foto e mais de 5,2 mil compartilhado.
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Foto: SOS 4 Ilhas – Bombinhas/Facebook Reprodução
A reportagem do Santa tentou entrar em contato com a prefeita Ana Paula da Silva nesta tarde, mas o telefone estava desligado. Em sua página no Facebook, ela explica aos moradores que foi surpreendida quando viu a rua sendo aberta na praia, mas garante que a prefeitura vai buscar respostas. Ela afirma que o proprietário do terreno foi notificado:
“Muitas pessoas nos procuraram pedindo explicações sobre o uso de uma máquina no canto de Quatro Ilhas. Imediatamente fomos buscar informações e providências, e o caso é o seguinte: a área foi desmembrada em 2009, e desde então tem uma AUC, Autorização de Corte, que foi renovada agora em 2015 pela FATMA, órgão estadual, com base em um levantamento florístico realizado por profissional da área. Esse arruamento foi aprovado no governo anterior pela prefeitura. A máquina que foi vista trabalhando abriu 300 metros de rua, que é continuação da Avenida Ilha do Arvoredo, portanto esse tapume que fecha a área nem deveria existir. A Famab foi fiscalizar assim que recebemos a denúncia, e já notificou o proprietário. Nesse cantinho tão especial, há uma área que o Plano Diretor permite construir, e a lei está acima da nossa vontade. De todo o jeito, eu e o Paulo Henrique Dalago Muller (vice-prefeito) nos comprometemos a cuidar desse caso com a atenção e responsabilidade que o assunto exige, fazendo tudo o que estiver em nosso alcance para preservar o nosso paraíso.”