A maré alta e a ressaca que atingem diversas praias de Florianópolis e levaram a prefeitura a decretar situação de emergência estão assustando os moradores do Sul da Ilha. Enquanto os estragos causados no Norte da Ilha atingiram, principalmente, bares e restaurantes nas praias de Canasvieiras e Ingleses, do outro lado da ilha o medo é que o mar avance sobre a rodovia SC-406, na altura do Morro das Pedras.
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No ponto conhecido como Caldeirão, o mar cobriu toda a faixa de areia e, agora, ameaça a integridade da única rodovia que liga os bairros da Armação e do Pântano do Sul. Ontem, um trecho do acostamento na SC-406 próximo ao convento e mirante do Morro das Pedras precisou ser isolado parcialmente. A medida é preventiva e pode ser aplicada também na via, caso a situação no local mostre piora. Se isso acontecer, a única saída será atravessar o sertão do Ribeirão da Ilha, uma estrada de terra íngreme e sinuosa.
— Moro no Pântano do Sul há 15 anos e nunca tinha visto nada parecido. Assusta um pouco, porque está chegando na estrada. Se chegar, a gente só vai conseguir ir para casa pelo Sertão do Ribeirão, que é um caminho bem difícil e não é qualquer carro que consegue passar — afirma o motorista de ônibus Geraldo de Oliveira, de 57 anos.

Um pouco mais ao sul, na praia do Matadeiro, a situação também é dramática. O mar tomou conta de toda a faixa de areia e começa a atingir os bares que ficam próximos à orla. Morador do local, Osmar Carvalho, de 63 anos, tirou o dia para fazer reparos na única trilha que dá acesso à praia.
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— Não tinha visto uma ressaca com essa intensidade. Menos mal que, no momento, só o acesso dos moradores que ficou complicado. Estou arrumando, porque temos muitas crianças e pessoas de idade aqui. Parece que o mar vai começar a recuar, não é dessa vez ainda — comentou Osmar.

Ação do homem
Em entrevista à Hora de Santa Catarina, o diretor do Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), João Luiz Baptista de Carvalho, afirmou que as construções nas orlas de praias podem ter ampliado os estragos causados pela maré alta. Júlio Cavalheiro, de 61 anos, mora no Ribeirão da Ilha e afirma que chegou a hora da sociedade repensar essas construções.
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— O pessoal fala em corrente marítima e influência dos ventos, só que esse ano veio um pouquinho mais forte. É resultado do que o homem vem fazendo. Está na hora do bicho homem se preocupar com o que está fazendo na natureza.