Por enquanto, é só o nome que muda. Nada de mais infraestrutura, nem postos de saúde, escolas ou grandes mudanças na vida real. Mas o fato de se separar do Paranaguamirim, um dos bairros mais populosos de Joinville, com cerca de 30 mil moradores, e tornar-se um novo bairro, mexe com a população de sete loteamentos da zona Sul.

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Hoje à noite, os moradores do Jardim Edilene, Estevão de Matos, Ana Júlia, Canaã 1, Canaã 2, Village, Itaipu e outras pequenas comunidades poderão discutir e decidir se querem se transformar no 44º bairro da cidade e, tão importante quanto, como será o nome dele. Parte desses loteamentos foi transferida de Araquari para Joinville há 15 anos. Na época, o Jardim Edilene era um bairro grande, mas sem infraestrutura e com população crescente.

Proposta pelo vereador Cláudio Aragão (PMDB), a lei prevê a criação do bairro Kurt Meinert, em alusão à principal avenida que dá acesso e corta praticamente toda a região. Mas também devem ser sugeridos outros nomes para serem votados na audiência, como o do senador Luiz Henrique da Silveira, morto no dia 10 de maio, em Joinville.

Com cerca de 20 mil moradores – caso ocorra a separação -, o novo bairro teria o dobro de habitantes do Paranaguamirim e só perderia, em população, para os bairros Aventureiro, Costa e Silva, Jardim Iririú, Iririú, Vila Nova e Comasa. O número estaria próximo ao dos bairros Floresta, Jardim Paraíso, Boa Vista e Boehmerwald.

A decisão ocorrerá no voto. Os moradores que comparecerem à audiência pública de hoje à noite na Escola Prefeito Joaquim Félix Moreira, às 19h30, decidirão, primeiro, se querem a criação de um novo bairro e, depois, que nome ele terá. A audiência é promovida pelas comissões de Legislação e Justiça e de Urbanismo da Câmara, mas é provável que todos os vereadores estejam presentes no encontro.

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Os moradores da região já foram informados de que a criação de um novo bairro não representará a instalação de estruturas políticas, como uma secretaria regional, por exemplo. Também não há regras de que bairros novos ganhem mais escolas ou postos de saúde. Nem a Prefeitura garante que o novo bairro terá melhor infraestrutura.

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O propósito da criação do bairro é dar uma identidade à comunidade e aumentar a força política e a representatividade, com a participação ativa em conselhos comunitários. Hoje, a região conta com apenas dois centros de educação infantil (CEI), duas escolas e um posto de saúde.

Os últimos bairros criados em Joinville foram o Parque Guarani, em 2004, e o Ulysses Guimarães, em 2005, ambos localizados na zona Sul da cidade. O nome Ulysses Guimarães foi escolhido pela população, pois, inicialmente, a proposta era Rio Velho.

Há 19 anos, região era pouco habitada, diz morador

O blumenauense Rubens Raitz é um dos três primeiros moradores do morro cortado pelas ruas Izolina Paz Ribeiro, Marlene da Silva e Emerson Brandão. Ele saiu do Vale do Itajaí para morar em Joinville há 19 anos. Escolheu a região, se instalou e começou a construir. Hoje, Raitz trabalha na construção do segundo andar da casa, o que lhe dá uma das vistas mais bonitas do bairro.

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Do local, ele vê igrejas, escolas, a quadra de esportes e praticamente todas as ruas mais movimentadas da região. Mas Raitz tem uma luta que deve levar à audiência pública de hoje à noite: ele e os vizinhos já ouviram dezenas de promessas para pavimentar as ruas, especialmente a Izolina Paz Ribeiro. Muitos motoristas nem arriscam colocar o carro para subir a ladeira coberta de pedras.

– Se é para melhorar, a gente quer o bairro, sim. A gente tem pedido muito. Já mandamos pintar faixas para fazer um protesto e vamos levar nossos pedidos na audiência também – avisa o morador.