A conclusão em 2013 da nova ponte do Bairro Limoeiro, no limite entre Brusque e Itajaí, pôs fim à espera de um ano e meio da comunidade local, desde que a antiga estrutura foi destruída pela enchente de 2011. Mas se por um lado a obra garante o trânsito seguro de carros e caminhões e evita o isolamento dos moradores em caso de cheias, por outro a construção faz da poeira uma incômoda realidade diária para quem vive ali. As reclamações sobre a sujeira e os riscos à saúde são constantes, porém pelo menos por enquanto não há previsão para que o problema seja resolvido.
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>> Confira galeria de fotos da poeira no Bairro Limoeiro, em Itajaí <<
A ponte foi entregue em março do ano passado ao custo de aproximadamente R$ 2 milhões em recursos da Defesa Civil nacional. O traçado da nova estrutura foi modificado em relação ao anterior, em razão da rua de acesso ser muito estreita para comportar o fluxo de veículos. Com isso a obra foi feita em um terreno que antes servia de pastagem e uma via precisou ser aberta. Desde então as famílias que moram nas proximidades, principalmente na Rua João Hamilton Merísio Júnior, enfrentam os transtornos de ter uma estrada de terra do lado de casa.
– A gente quer pavimentação ou pelo menos um caminhão-pipa pra molhar a rua de vez em quando. A gente não aguenta mais essa poeira e se não tomarem providências vamos acampar na frente da prefeitura de Itajaí – afirma a costureira Ingrid Tomasoni.
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Preocupação
Os problemas podem ser observados em uma rápida visita ao Limoeiro. Parapeitos, portas, janelas, escadas e carros são tomados por um pó barrento e, para evitar a poeira, nenhuma residência tem roupas estendidas em varais externos. A própria rua e as casas apresentam um aspecto amarelado e a todo momento se percebe alguém varrendo a sujeira que logo torna a aparecer.
– A gente limpa várias vezes por dia, não tem onde pendurar roupa e é ruim até pra dormir – lamenta a costureira Saionara da Rocha Merísio.
A preocupação com a saúde também é grande, já que todos estão expostos à poeira há muito tempo. Muitos moradores se veem obrigados a manter a casa fechada para amenizar a situação.
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– Já levei meu netinho de sete meses algumas vezes no Posto de Saúde porque ele reclama, fica com os olhinhos vermelhos. É muito difícil, fora de casa é pó e dentro é calor – lamenta a aposentada Neuza Pereira Reis.
Os principais cuidados, conforme o otorrinolaringologista José Tavares de Melo Junior, devem ser com os problemas respiratórias. Ele explica que as partículas de poeira podem ser inaladas e com isso agredirem as vias aéreas, principalmente de pessoas que já têm doenças como rinite e asma. Em geral o mais indicado é beber muito líquido e, quando possível, fazer a limpeza das vias aéreas com soro fisiológico.
Secretaria de Obras descarta solução imediata
Conforme a Secretaria de Obras de Itajaí, não há solução imediata para as reclamações dos moradores do Limoeiro. Sobre a pavimentação da rua de acesso à ponte, o secretário Tarcizio Zanelato diz que ela pode até acontecer um dia, mas comenta que a obra é cara, não está no cronograma da prefeitura e também depende de condições naturais do solo.
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– Ninguém prometeu pavimentação. E a estrada tem que primeiro sofrer a compactação natural pra depois se pensar nessa obra – afirma.
Já a possibilidade de disponibilizar caminhões-pipa para molhar a via também é descartada pela secretaria. A justificativa é de que muitas localidades de Itajaí enfrentam a mesma situação, especialmente em períodos de tempo seco e forte calor como nos últimos dias na região.
– Não temos como molhar todas as ruas de chão batido porque são mais de 500 quilômetros de estradas nessa situação na cidade. Não dá pra molhar uma e não molhar a outra, todas elas têm direito. A hora que chover vai melhorar um pouco – considera Zanelato.
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Enquanto o impasse continua em Itajaí, em Brusque a Secretaria de Obras informa que já existe recurso garantido junto ao governo federal para pavimentação nas vias de acesso à ponte pelo lado brusquense.