Antes, havia duas caçambas. Agora, o lixo é jogado às margens de um rio no final da rua Daniel Becker, no bairro Jardim Iririú, onde mora o bacharel em direito Eleandro Felício. Ele já fez inúmeras denúncias, solicitou instalação de placas, reclamou com vizinhos, mas nada resolveu o despejo ilegal de dejetos na região. A poluição aumenta quando chove, sobe a maré e o rio engole toda a sujeira da margem.
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“O rio já está poluído mesmo” é o que Eleandro escuta quando reclama com os vizinhos.
Com as luvas de borracha sujas de cimento fresco, o morador Antônio Hipólito é categórico.
– Todo mundo joga – disse, abrindo os braços.
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Antônio foi econômico com as palavras, não pela situação, mas porque depois de um derrame passou a falar com esforço. O cimento, o barro, a areia e os tijolos, para ele, fazem parte da terapia. Ele mesmo molda tijolos e reboca o muro da casa.
A vizinha da frente da casa de Antônio, depois de despejar o conteúdo de uma panela de pressão na margem do rio, reclamou das queimas de objetos perto de sua casa, que faz esquina com o rio.
– Já sei quando estão queimando coisas. É quando me faltar o ar, geralmente à noite – contou ela.
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Eleandro Felício, que acaba fiscalizando a rua, lembrou que até uma impressora, que tem material tóxico, já foi queimada ali. As caçambas, que, como vieram, sumiram, seriam a solução imediata para organizar o despejo de dejetos na rua. Mas os moradores não sabem quem as contratou.
Por R$140, durante três dias ou conforme contrato, o gerente Ivan Kisner disponibilizaria uma caçamba de sua empresa para pequenos e médios produtores de resíduos. Ivan pede que os consumidores desconfiem quando o preço for muito mais baixo.
– Pode ser sinal de que a caçamba é descarregada em terreno baldio – explicou.
As empresas de caçamba pagam para depositar os dejetos nos aterros privados, já que o município não tem aterro público para este fim. Para Ivan, quem joga em local impróprio, de graça e às custas da natureza cobra mais barato. Por isso o consumidor deve checar o carimbo do aterro na nota do serviço prestado. Essa é a garantia de que o desejo foi para o local correto.
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