Embora o teste de balneabilidade do Instituto do Meio Ambinete (IMA) tenha indicado a Beira-Mar Norte em Florianópolis como própria para banho, na manhã desta quarta-feira (11) muitos moradores da capital demonstraram receio de entrar no mar. Frequentadores ainda recebem com cautela os primeiros resultados positivos de balneabilidade após seis décadas de poluição na baía. A prudência está em sintonia com a comemoração contida de Casan, Instituto do Meio-Ambiente (IMA) e prefeitura.

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Repleta de gente se exercitando, sob o sol e o calor desta manhã, a Beira-Mar Norte continuava sem banhistas. O servidor público Giovani Tramontin, que praticava esportes bem ao lado da Unidade se Recuperação Ambiental (URA) da Casan, no segundo bolsão, preocupa-se com o acúmulo de sujeira sob a água:

— A forma como eles fizeram acho que ajuda bastante, mas acho que isso vai ser a longo prazo. Até onde eu sei, tem uma camada de lodo no fundo do mar. Acho que com o tempo isso vai ser viabilizado.

Ouça a reportagem:

Carolina Zeppelin também está entre os moradores com receio de entrar no mar apesar do resultado do teste de balneabilidade.

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— Prefiro esperar mais testes para ter certeza de que está tudo certo com a água. Por enquanto, não vou entrar no mar nem vou permitir que minha filha entre — declarou.

A reportagem da CBN Diário permaneceu por cerca de uma hora da Beira-Mar Norte na manhã desta quarta-feira. Ângela Queiroz percebeu que as informações descontratadas já encorajaram alguns:

— Uns dias atrás vi crianças nadando. Ainda não confio, vou esperar mais um pouquinho.

A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) informou que o trabalho para tornar o local balneável ainda não foi concluído. O prefeito Gean Loureiro também ressaltou que é necessário prudência, apesar da divulgação do IMA, e anunciou investimentos complementares.

Há seis meses, a Casan trabalha para despoluir 3,6 km da Beira-Mar. Segundo a concessionária, o orçamento previsto para o projeto era de R$ 24 milhões, mas o custo acabou em R$ 18,1 milhões. A Beira-Mar Norte recebeu esgoto clandestino por 60 anos e entende que a divulgação do IMA de que o local é próprio para banho, em quatro dos últimas cinco coletas, apenas confirma que o sistema adotado é adequado, com explicou o engenheiro Pery Fornari Filho:

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— A gente fica muito satisfeito, porque a gente vem conseguindo atingir o objetivo do projeto, que sempre visou trazer a balneabilidade, melhorar a qualidade da água daquela região da Beira-Mar. Nas últimas quatro semanas, a gente já teve um resultado muito bom. Em contraponto, a gente está com os pés bem no chão, a gente sabe que o trabalho continua, ainda tem bastante ajuste para ser feito.

A Casan emitiu uma nota oficial sobre o resultado do IMA:

“Os indicadores de despoluição detectados pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA) na Beira-Mar Norte de Florianópolis são históricos, pois há cerca de 60 anos a Baía recebe esgoto indevido. A Casan, porém, não celebra a bandeira azul de balneabilidade, mas a confirmação de que o sistema adotado é tecnicamente adequado.

É com grande satisfação que nossas equipes acompanham o processo de recuperação ambiental da área. O trabalho continua e o desafio é manter a operação regular do sistema diante da alta carga de esgoto clandestino jogado nos canais de drenagem, do lixo urbano que entope as válvulas (entulhos, plásticos e até peças de roupas) e do vandalismo nas estações de bombeamento. O Projeto Beira-Mar Norte é, na verdade, um aprendizado para todos, para os técnicos da empresa e para a própria população.

O projeto prevê o tratamento da água ao longo do trecho de 3,5 quilômetros entre a Guarnição de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros Militar (GBS), próximo à ponte Hercílio Luz, e a Ponta do Coral. Estudos feitos recentemente mostram que a 200 metros da orla a água da Beira-Mar é completamente balneável (de acordo com os parâmetros da Fatma). Por isso, basta cortar a emissão de água contaminada que a Baía Norte voltará a ser balneável.”

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