A pacata São Pedro de Alcântara, cidade com cerca de 5 mil habitantes da Grande Florianópolis, foi palco de um protesto na manhã desta quinta-feira em frente à entrada do histórico Hospital Santa Tereza. Pacientes, funcionários, moradores e até o prefeito estiveram na manifestação que pede para que a unidade não seja fechada pelo governo de Santa Catarina.
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Inaugurado em 1940 pelo presidente Getúlio Vargas, o local que funcionou como uma colônia de pessoas com hanseníase (lepra) ainda é o lar de 16 moradores com a doença. O paciente José Bernardo Wilberstaedt, por exemplo, tem 48 dos 74 anos vividos dentro do Santa Tereza.
— No começo, eu trabalhei muito aqui dentro. No cartório, de escrivão, na tesouraria do futebol, na rádio. Nós tínhamos uma emissora aqui também. A minha rotina era dia e noite — lembra o idoso, fazendo referência à estrutura similar a uma pequena cidade que resiste no local.
Além de ser um laboratório de dermatologia de referência estadual, atualmente o Santa Tereza trata 37 pacientes na área de psiquiatria, além de 20 da retaguarda médica de hospitais de alta complexidade da região, como pacientes que se preparam para cirurgia bariátrica. Caso do pedagogo Marcelo Zeferino, de 27 anos.
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— Eu emagreci 22 quilos em cinco semanas aqui. Jamais iria conseguir isso em outro lugar — destacou o paciente ao microfone, durante o protesto.
“Economia com o fechamento é insignificante”
A notícia do possível fechamento do hospital chegou até o prefeito Ernei Stähelin (PMDB) através do psiquiatra Henrique Borges Tancredi, ex-diretor da unidade e que foi exonerado após se posicionar contra a medida. Segundo o médico, a economia que o Governo terá é insignificante.
— A ideia deles era de fechamento do hospital, excetuando os 16 da hanseníase, que por lei eles não podem tirar. Eu mostrei minha contrariedade em relação a isso e uma semana depois eu fui exonerado. A alegação de uma suposta economia não vai se dar. Representa 1,58% dos gastos dos hospitais públicos estaduais.
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Outra questão levantada é com relação aos funcionários. O Santa Tereza tem 114 servidores públicos, que não seriam demitidos, mas sim realocados – não trazendo nenhuma economia. Quem iria sofrer com a caneta seriam os terceirizados, são cerca de 50, praticamente todos moradores de São Pedro. A ideia do prefeito, que já foi diretor hospitalar, é desenvolver outras especialidades no hospital, como o tratamento a dependentes químicos.
— O governo do Estado ainda não nos recebeu para tratar desse assunto, nem o governador, nem o vice, nem o secretário de Saúde. Santa Tereza, por ser o menor hospital do Estado, não pode ser penalizado por uma falta de gestão em outros hospitais.
Procurada novamente pela reportagem, a Secretaria de Saúde preferiu não se manifestar. Divulgou a mesma nota de quarta-feira, quando informou que nos próximos seis meses, será feito um estudo para avaliar o fechamento do hospital.
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A Secretaria de Estado da Saúde (SES) montou uma equipe com técnicos para avaliar a situação do Hospital Santa Tereza. A possibilidade de fechamento da unidade não está descartada.
Serão uns 6 meses de estudo. A vocação para aquele espaço físico será apontada pela análise da equipe técnica. Também será analisada a situação de cada paciente da unidade.
A intenção da Secretaria é melhorar a gestão do dinheiro aplicado nas unidades hospitalares e estabelecer a vocação em cada uma delas, garantindo um melhor atendimento ao cidadão catarinense.
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Moradores de São Pedro de Alcântara se mobilizam contra o fechamento do Hospital Santa Tereza
