Cerca de 50 moradores de Ratones bloquearam parcialmente a SC-401 na manhã deste sábado (23), na altura do acesso ao bairro do Norte da Ilha, em protesto contra a instalação de uma estação de tratamento de esgoto (ETE). A comunidade reclama que o empreendimento irá causar um impacto irreversível ao meio ambiente e questiona nunca ter sido ouvida pela empresa responsável.

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Conforme os moradores, a estação deverá receber 250 metros cúbicos de esgoto diários,o que corresponde a um fluxo de aproximadamente 45 caminhões limpa fossa circulando diariamente no bairro e passando por dentro doLoteamento Ilha de Ratones. O protesto da comunidade se ampara em um parecer do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que diz que a área é sujeita a inundação e a Bacia Hidrográfica do Rio Ratones não comporta o recebimento de efluentes, o que coloca em risco o berçário de diversos peixes.

— Dizem que não vai poluir, mas é muito próximo ao rio, é um terreno alagado, provavelmente com qualquer chuva ou alagamento, tudo que sair da estação vai acabar afetando o Rio Ratones e a Estação de Carijós. Nos estranha a Fatma dar a licença para a estação, sendo que nós estamos há três anos lutando para construir a escola municipal do bairro — protesta Luciano Medeiros, do movimento ‘Fora Fossão.

— Eles estão desde 2014 com as obras e nunca conversaram com a comunidade, nunca ofereceram uma contrapartida ao bairro. Claro, porque se falassem, os moradores não iriam deixar nada ser construído ali. Foi tudo feito por baixo dos panos — questiona Nilda Oliveira, do conselho comunitário do bairro.

O empreendimento pertence à empresa Rotária do Brasil e teve a licença de instalação suspensa temporariamente pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina. A Fatma explica que recebeu um parecer do Ibama nesta semana e, enquanto avalia o documento, manterá a licença suspensa “em respeito ao princípio da precaução”.

Em nota de esclarecimento, a empresa afirma que desenvolveu um projeto de ETE para solucionar um problema do Norte da Ilha, que é o correto tratamento e destinação dos resíduos de fossas sépticas e caixas de gordura da região. Argumenta que este projeto vai beneficiar também a comunidade do Ratones.

“Do ponto de vista de tratamento o processo é fechado, ou seja, nenhum produto tem contato com o meio ambiente antes de receber o tratamento adequado”, afirma a Rotária do Brasil.

Uma reunião entre a Fatma, empresa e moradores foi agendada para a próxima terça-feira.