Um emaranhado de roupas com restos de madeira e ferro retorcido foi o que sobrou no quarto do apartamento de número 203 no prédio 3D do Condomínio Habitacional Irineu Bornhausen, no Vila Nova, zona Oeste de Joinville.

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No início da manhã de ontem, um incêndio que teria começado no cômodo destruiu o imóvel onde vivia um casal há cerca de um mês. A suspeita do Corpo de Bombeiros Voluntários é de que as chamas tenham iniciado com um ferro de passar roupas ligado.

O prejuízo material só não se transformou em uma tragédia graças à ação do técnico em laboratório Alan Evans Fernandez, 30 anos, que já teve treinamento de brigadista. Era por volta de 6 horas quando ele chegava ao prédio após mais um turno de trabalho.

– Quando eu cheguei na entrada do edifício já senti o cheiro da fumaça e fui subindo. No corredor do meu apartamento, vi que a fumaça vinha do apartamento da frente -, conta.

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Após tentar tocar a campainha, que não funcionou por causa das chamas, Alan começou a bater incessantemente na porta, mas ninguém respondeu. O morador havia deixado o apartamento pouco tempo antes para ir ao trabalho e a mulher dele estava em Curitiba.

Em seguida, o técnico em laboratório foi até o apartamento dele, onde sua mãe cuidava dos seis filhos de Alan.

– A primeira coisa que eu pensei era que a fumaça vinha da minha casa. Pensei que a minha mãe tinha esquentado um café para as crianças e esquecido alguma coisa no fogo -, diz Alan.

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Com a família fora de perigo, Alan acordou outros vizinhos, que iniciaram uma corrente para evacuar o prédio, de 32 apartamentos. No corredor, há oito apartamentos.

Com um grupo formado, a porta do apartamento foi arrombada com um martelo. Os moradores temiam que houvesse alguém no outro lado.

– Quando a gente conseguiu abrir a porta, veio uma fumaça densa e escura, que rapidamente se espalhou pelo corredor estreito -, lembra.

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Uma vizinha do andar de cima se lembrou de interromper a ligação de gás do imóvel para evitar uma explosão. Para o subchefe dos bombeiros, Rodrigo Luciano Jurk, a iniciativa dos moradores pode ter feito a diferença.

Passado o susto, Alan está aprendendo a lidar com o assédio, já que para muitos moradores ele foi um herói.

– Estão falando por aí que eu sou um herói, mas herói foi todo mundo que estava lá ajudando. Eu só cheguei na hora certa -, disse, demonstrando timidez.

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Confira uma galeria de fotos do apartamento destruído pelo incêndio

Mobilização garante segurança dos moradores

O casal de subsíndicos do prédio, Antônio Vieira, 48 anos, e Santa Rossi Vieira, 55 anos, estava dormindo quando foi avisado do incêndio por uma moradora.

– A primeira coisa que eu pensei foi ?cadê a chave do gás para desligar?-, conta Santa. No dia anterior, quatro botijões haviam sido ligados.

A iniciativa dos moradores de não esperar pelo Corpo de Bombeiros para iniciar o combate ao incêndio, preocupados com a segurança dos condôminos, pode ter ajudado.

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– Eles usaram o sistema preventivo deles para fazer o combate às chamas (mangueiras e extintores). Também possuem uma reserva técnica de água utilizada pelos bombeiros como suporte caso a água do caminhão seja toda utilizada. Isso pode ter feito a diferença -, afirma o subchefe dos bombeiros que controlaram o incêndio, Rodrigo Luciano Jurk.

O comandante do Corpo de Bombeiros Voluntários, Heitor Ribeiro Filho, considera importante a ação preventiva dos moradores, desde que eles saibam o que estão fazendo.

– Nossa sorte é que temos moradores treinados para situações de risco, que trabalham em grandes empresas e onde esse tipo de cuidado é fundamental -, contou Luís Paulo Vieira, morador do edifício.

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Enquanto alguns moradores se encarregaram de desligar a energia do prédio e cortar o sistema de gás, o morador Jean Paulo e alguns vizinhos trabalharam em equipe para montar o sistema de mangueiras de incêndio e deixar tudo pronto para a ação dos bombeiros, que chegaram minutos depois.

– Quando eles chegaram, foi só conectar a mangueira no caminhão e começar o combate ao fogo. Nesse meio tempo, todos já estavam fora de perigo e os sistemas elétricos de gás já haviam sido desativados -, conta Luís.

Como agir em uma situação de incêndio

– Acionar o Corpo de Bombeiros Voluntários por meio do telefone de emergência 193.

– Tomar providências iniciais com os equipamentos de prevenção a incêndio que o prédio dispõe, como os extintores e os hidrantes. (Se souber fazer e se for seguro).

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– Ajudar na retirada das pessoas, em especial das crianças, idosos e deficientes físicos.

– Desobstruir as vias próximas para que o caminhão dos bombeiros possa chegar o mais perto possível.

– Ficar à disposição do Corpo de Bombeiros e ajudar somente se for solicitado.

Assista o vídeo feito por uma moradora