Um morador de apenas seis anos do Residencial Trentino 2, em Joinville, não embarca mais no ônibus escolar sem a presença da mãe. E, na volta, ela está na calçada, esperando pelo pequeno. Não é apenas um cuidado comum com uma criança. É que o medo tomou conta do menino desde a quinta-feira passada, quando ele conta ter sido agredido dentro do ônibus, na volta da escola.

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O aluno afirmou à mãe que um garoto segurou seu braço e outro, sua perna. Levou um chute no rosto e perdeu um dente de leite. As mães do residencial estão preocupadas com a violência e pedem monitoras para acompanhar as crianças.

A diarista Vilma Maria Mendes, 32 anos, e a manicure Mônica Cavalcanti Bezerra, 30, diariamente se dispõem a orientar as 250 crianças dos Trentinos 1 e 2, inaugurado neste ano no bairro Boeh- merwald para reduzir a fila da Habitação na cidade.

As crianças estudam na Escola Municipal Pauline Parucker, que tem a extensão na Faculdade Assessoritec – onde os alunos do residencial estudam. Todos os dias, quatro ônibus escolares as levam e buscam da escola.

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– O problema é que não tem monitoras. Na ida, ajudamos a colocar as crianças no ônibus. Separamos todas. Na volta, fica tudo misturado. As crianças grandes estão ameaçando as menores. Tem agressão mesmo -, explicou Vilma, que tem duas filhas que usam o transporte escolar.

A filha de Mônica está com medo de ir para a escola.

– Depois que ela viu o outro menino perder o dente, ficou assustada. Coloco minhas duas meninas juntas no ônibus, para se sentirem mais seguras -, revelou.

A mãe do menino agredido acredita que é responsabilidade da escola municipal manter a segurança dos alunos. Ela afirma não ter conversado com os pais das crianças agressoras. Mas espera que a situação seja resolvida.

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Desde julho a situação está incontrolável, afirmaram as mães. Nos dois primeiros meses, Vilma e Mônica trataram de orientar as crianças na subida do ônibus.

– Depois, a escola mandou uma monitora. Mas ela só coloca eles no veículo, não vai junto -, observou Vilma.

Depois de 30 dias, a monitora deixou de aparecer. Terça-feira, após reclamações de pais, ela voltou a ajudar no embarque.

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Na volta para casa, apenas um dos quatro ônibus chegou ao residencial com um professor assumindo o papel de monitor. Ele não quis se identificar, mas disse que acompanhará as crianças. Em outro ônibus, que chegou sem auxílio de monitor, o motorista confirmou que a situação é crítica.

Ele disse que chega a parar o ônibus no meio do caminho para conter o ânimo das crianças.

– Elas destroem tudo dentro do ônibus. Até sobem no bagageiro. Entendo que são crianças, mas como posso dirigir e controlá-las -, desabafou o motorista, que também preferiu não revelar a identidade.

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