Desde que o joinvilense Dionísio Tonatto, 58 anos, instalou placas de energia solar em casa, há seis meses, ele salvou pelo menos 13 árvores. Não foram ações em ruas ou em florestas que fizeram o representante comercial ter este mérito, mas o fato de, somente neste período, suas placas de energia solar terem colaborado para evitar a emissão de 1,5 toneladas de dióxido de carbono na atmosfera. Dionísio é uma das pessoas que resolveu “nadar contra a corrente” ao usar uma fonte de energia renovável em vez de continuar utilizando a eletricidade distribuída por hidrelétricas.
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Segundo o Ministério de Minas e Energia, cerca de 70% da matriz elétrica do Brasil é baseada em energia hidrelétrica. Este tipo de fonte aproveita a energia cinética do fluxo das massas de água para transformá-la em energia elétrica. Apesar de não estar associada à queima de combustíveis fósseis, ela também emite dióxido de carbono e metano, gases potencialmente causadores do aquecimento global.
Em 2012, a resolução normativa 482 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estabeleceu as condições para que qualquer pessoa possa gerar energia em seu ponto de consumo, desde que sejam utilizadas apenas fontes renováveis. Entre elas, estão a biomassa, que utiliza matéria de origem vegetal para produzir energia; a eólica, por meio da força do vento por aerogeradores; e a energia solar, que utiliza os raios solares para gerar energia.
Essa última é um dos temas de uma palestra que ocorre hoje, às 13h30, na Universidade Federal de Santa Catarina, em Joinville, como parte da programação da Semana Lixo Zero de Joinville.
— Em outras palavras, você pode ser a sua central geradora de energia, tê-la na sua casa, no seu comércio ou na sua indústria. A isso, a gente dá o nome de energia distribuída — explica o advogado Fábio Chaves, que há quatro anos é sócio de uma empresa de geração de energia elétrica por fontes renováveis em Joinville.
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Como funciona o sistema de energia solar
A instalação de células fotovoltaicas são feitas a partir de materiais semicondutores que, quando expostos à luz, absorvem os fótons, que são partículas de energia presentes na luz do Sol. Fábio explica que, ao contrário de alguns mitos sobre energia solar, não é o calor que garante o processo, mas os raios UV que chegam às placas instaladas nos telhados dos imóveis. Por isso, mesmo cidades como Joinville — que tem alto registro de chuvas e nebulosidade — tem grande potencial para este tipo de fonte,
— A Alemanha é referência nessa área porque já utiliza energia solar desde os anos 1970. E no Brasil, a incidência dos raios UV é tão abundante que, mesmo no Sul, que é o pior lugar do país em relação à radiação, o potencial é 35% mais alto do que o melhor lugar na Alemanha — compara ele.
Sustentabilidade combinada à economia doméstica
No sistema de energia solar, o que não é consumido vai para a rede de energia elétrica e torna-se crédito para utilização de energia nos meses seguintes, como se fosse um banco de horas. Também é possível transferir os créditos para outras unidades consumidoras do mesmo proprietário, mesmo que estejam em outras cidades, como casas de veraneio ou empresas.
Na casa de Dionísio, por exemplo, a conta de energia elétrica chegou a R$ 500 no último verão. Foi quando ele recebeu a indicação de um amigo para instalar as placas de energia solar no imóvel. O representante comercial fez um investimento de R$ 18 mil, que ele acredita que será recuperado em cerca de cinco anos.
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— Depois que passei para energia solar, eu praticamente só paguei as taxas da conta de luz — conta ele. — Eu comento com quem posso, porque não é só o benefício financeiro, mas saber que estamos produzindo uma energia limpa.
Em seis meses, a economia das placas de energia solar de Dionisio equivale a:
507 dias de TV ligada
4 meses de circulação de um carro popular
13 anos de computador em uso
13 árvores plantadas
1.5 toneladas de CO2 que não foram emitidos