A revisão do Plano Diretor de Bombinhas causa polêmica na cidade. Moradores dos bairros Mariscal e Canto Grande estão organizando um abaixo-assinado para impedir a verticalização no município. Depois de concluído, o documento será entregue ao Ministério Público com um pedido de investigação sobre as propostas para a revisão do plano. As assinaturas estão sendo coletadas pela Associação de Esporte, Meio Ambiente e Mobilidade do Bairro Mariscal (AEmariscal) e já passam dos 350 nomes – número considerado alto levando em conta os cerca de 500 moradores das duas comunidades.

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A maior preocupação da associação é com a proposta apresentada pela Associação Empresarial de Bombinhas (AEMB), que quer aumentar o número de pavimentos permitidos para construção civil na cidade de sete para até 12 andares – em Mariscal o máximo permitido hoje é quatro pavimentos.

O presidente da AEmariscal, Henrique Cabral, afirma que a entidade não é contra o desenvolvimento da cidade, mas que ele precisa ser sustentável.

– Temos estudos que comprovam que é necessário diminuir o adensamento populacional desde 1999, Bombinhas está no limite. Defendemos que o número de pavimentos permaneça como está. Como vamos preservar um lugar que já tem um solo sensível se querem aumentar as construções? – questiona.

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Recentemente a cidade instituiu a Taxa de Preservação Ambiental (TPA), que na prática vai cobrar pedágio de quem entra na cidade no período da temporada de verão. O objetivo da medida é arrecadar mais recursos para investir na preservação do meio ambiente. Para a AEmariscal, aprovar essa proposta de aumento no número de pavimentos é uma contradição à TPA.

– Estamos nos sentindo desamparados, porque o município não está tomando partido como deveria tomar. Vamos pedir socorro ao Ministério Público e queremos alertar a população para a eleição dos delegados que vão aprovar as propostas do Plano Diretor – explica Camila Demétrio, vice-presidente da AEmariscal e membro dos conselhos de Meio Ambiente e Saneamento da cidade.

De acordo com Camila, os delegados serão eleitos no dia 4 de setembro, durante a Conferência das Cidades, e a população precisa participar. Para ela, é necessário evitar que somente empresários e construtores aprovem as propostas do Plano Diretor.

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– Se existem estudos provando que não podemos aumentar mais a carga do município, por que estão levando adiante essa proposta? Estamos pedindo que seja um Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável, queremos que a cidade seja exemplo – defende.

Proposta

A Associação Empresarial quer que o Plano Diretor libere até 12 andares nos prédios, mas a aplicação dessa medida não começaria imediatamente. É o que explica o coordenador do Núcleo de Construção da AEMB, Luciano da Costa Alves, que afirma que a proposta é ampla e baseada em outros itens de desenvolvimento.

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Conforme Alves, a mudança seria incluída agora na revisão do Plano Diretor e os primeiros empreendimentos nessa nova regra, obedecendo todos os trâmites do processo, seriam inaugurados apenas daqui a três ou quatro anos. Durante este período, o município receberia diversos investimentos em infraestrutura, incluindo, entre outras questões, um terminal rodoviário, fundo de saneamento básico, heliponto e melhorias na estrutura de Defesa Civil.

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– Estamos imaginando a construção civil daqui cinco, 10 anos. Ninguém quer prédios com 12 andares agora, mas com base nas informações que recebemos do Executivo e em tudo que nos vem sendo apresentado de obras, recursos e planejamento, a gente trabalha com a ideia que esse cenário será realidade dentro de poucos anos – pondera o representante da AEMB.

O coordenador detalha também que o impacto dessa expansão dos edifícios não vai recair todo sobre a quantidade de pessoas no local. O projeto é construir apartamentos maiores, aumentar o número de vagas de garagem conforme o número de dormitórios de cada apartamento e estabelecer que um pavimento seja de lazer em toda construção.

– Além disso, defendemos até 12 andares apenas em alguns pontos específicos, em áreas mais afastadas nos bairros. Em Mariscal por exemplo se pensa em máximo de seis pavimentos. E na orla não queremos nenhuma mudança, continua sendo no máximo dois pavimentos – afirma Alves.

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A prefeitura de Bombinhas informou, por meio da assessoria de imprensa, que não iria se posicionar sobre o assunto para não interferir na revisão do Plano Diretor. Conforme a assessoria, a comunidade é quem vai aprovar ou não as propostas apresentadas.