Em tempos de Lei Seca, motoristas recorrem à tecnologia para escapar de blitze. É o caso dos usuários de grupos do Facebook e do aplicativo Waze, que apontam as ruas onde as operações da Polícia Militar e da Guarda de Trânsito de Blumenau são feitas. Ao divulgar esse tipo de informação, beneficiam infratores e criminosos na cidade do Estado onde foi registrado o maior número de multas envolvendo a combinação álcool e direção, em 2012.
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Os grupos da rede social Facebook, como o Blitz24h, de Blumenau, permitem que o usuário fique atualizado, em tempo real, sobre as fiscalizações que estão ocorrendo. Os membros colaboram com informações e alertam os motoristas sobre as localizações de radares móveis e operações dos órgãos de segurança. Em seguida, na maioria dos casos, apagam as publicações. Para verificar o funcionamento, três jornalistas do Santa integraram o grupo nos últimos dias. No sábado, data do Stammtisch, pelo menos quatro pessoas postaram informações sobre barreiras. Outros integrantes curtiram o conteúdo. No domingo, todas as mensagens foram deletadas.
O aplicativo chamado Waze, acessado pelo celular, foi criado para mostrar a situação do trânsito e as melhores rotas para evitar congestionamentos, mas os usuários acabam usando para burlar a lei. O site do Waze indica que um dos objetivos da ferramenta é “receber alertas antes de ser parado em controle policial”.
Para órgãos como Polícia Militar e Guarda de Trânsito, o compartilhamento dessas informações é um desserviço à comunidade. Segundo a responsável pela comunicação social do 10º Batalhão da PM, tenente Maria Carolina Bachmann, as blitze além de fiscalizar possíveis infratores de trânsito, combatem a criminalidade:
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– Quem usa este tipo de ferramenta pode ser vítima de algum condutor embriagado e imprudente. Além disso, essas operações não têm apenas o objetivo de fiscalizar o trânsito, mas garantir a segurança da comunidade.
De acordo com o especialista em Direito na Internet e em Segurança de Informações Fabrício Bortoluzzi, o sigilo que a PM usa para fazer a fiscalização é quebrado a partir do momento em que a primeira pessoa compartilha a informação:
– O aplicativo Waze é muito claro nisso. O usuário pode colocar qualquer tipo de informação sobre trânsito. Acredito que há mais aspectos positivos do que negativos. E não se pode culpar o meio, e sim, a pessoa.
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Como não foi possível confirmar as identidades dos envolvidos nas conversas em que os alertas de blitz são divulgados, os nomes informados pelos usuários nas redes sociais foram omitidos.
Participante critica abordagens
O motoboy de 24 anos, morador de Blumenau, que prefere não se identificar, foi convidado a participar do grupo Blitz24h, no Facebook, em março. Afirma que é a favor de operações e fiscalizações educativas, mas não agressivas:
– Não acho certo participar do grupo, mas também não acho certo o que fazem nas blitze. Tem gente armada e revistando – conta.
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Ele relata que quase não publica informações, mas acompanha para ver onde estão as fiscalizações. O participante garante que não interfere na manutenção dos comentários e acredita que quem apaga as postagens são os moderadores da página, com quem a reportagem do Santa tentou entrar em contato, mas não obteve retorno.
>> Na edição impressa do Santa desta terça-feira, confira uma entrevista com o gerente de Trânsito da Guarda de Trânsito de Blumenau, Ivonei Leite, sobre o assunto >>