Com obras na pista da BR-470 seguindo há 27 dias, o embate entre as concorrentes para auxiliar no serviço de desapropriações da rodovia alonga a espera de quem mora na beirada dos lotes 3 e 4. Eles aguardam a chegada de algum aviso oficial sobre a obra que já chegou com cinco meses de atraso pela falta de uma autorização para captura de animais.

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A aposentada Lucia Maria de Andrade, 82 anos, vê da janela de casa as máquinas e os operários levantando poeira para a duplicação na entrada do bairro Belchior Baixo, em Gaspar. Apesar do sarrafo branco fincado a menos de dois metros da calçada de casa marcando o limite da área de trabalho dos operários _ mais ou menos 27 metros longe da pista _, a moradora do Km 45,6 da BR-470 não recebeu documento ou quem lhe falasse sobre indenização. A parafernália de obras simplesmente se instalou diante da casa onde ela vive há mais de 40 anos.

_ Estou é muito incomodada com tudo isso. Entraram e vão fazendo o diacho. Os operários é que me contaram que aqui na frente haverá três pistas _ resigna-se Lucia Maria.

>> Conheça um pouco da história da BR-470 no infográfico animado <<

Olhando o que antes da abertura da rodovia era terreno para flores e pés de laranja e lima, a aposentada ainda é descrente quanto à duplicação e não pretende sair do lugar. Iria Krieger, 67, que vive com o marido no Km 59,960 da rodovia, no bairro Badenfurt, Blumenau, também deve perder um pedaço do jardim para a duplicação. A aposentada, moradora da margem da BR-470 conta que o pessoal do Dnit passou pelo terreno da família para medir:

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_ Estavam aqui no mês passado, pedindo o número da escritura do terreno. Disseram que não iriam começar a obra sem indenizar.

Na ponta da duplicação onde as máquinas ainda não chegaram, em Indaial, o pensionista Ivo da Veiga, 55, conforma-se com a mudança. Sabe que na margem da rodovia onde fez a casa, no Km 70, vai passar um viaduto. Preocupado, percorreu 86 quilômetros até o posto do Dnit em Rio do Sul para saber quando precisaria

sair de casa:

_ Disseram que em janeiro viria a carta falando de indenização. Mas até agora nada. Não queria sair, mas vai vir o viaduto e vai ser bom para o bairro.

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É pelo caráter de interesse público da duplicação que as desapropriações são autorizadas pela União. O Dnit publicou uma portaria declarando a importância do uso destas áreas. O mestre em Ciências Jurídicas da Univali, Natan Ben-Hur Braga, acredita que este processo deveria começar antes da obra.

_ Se já há um projeto, determinando onde a rodovia vai passar, não é coerente construir sobre bem alheio.