Há pelo menos 28 dias os moradores da Grande Florianópolis têm enfrentado problemas com o abastecimento de água. No dia 11 de julho, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) emitiu uma nota informando intermitências no abastecimento, justificadas pela falta de chuva no Estado desde o mês de junho.

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Quase um mês depois, a situação tem variado conforme a região. Em alguns locais, a água tem chegado somente de madrugada. Em outros, a falta tem sido relatada há quase um mês, como é o caso do Condomínio Villeneuve, no bairro Córrego Grande, em Florianópolis.

O administrador Rodrigo Bastos é o síndico do prédio e conta que o primeiro registro do problema foi feito no dia 12 de julho. Levando em conta o comportamento de consumo e o custo dessa demanda, ele afirma que os moradores estão tendo prejuízos financeiros por conta do desabastecimento.

— Hoje, quase 100% do nosso abastecimento vem de carro-pipa. Só de água, cada morador vai pegar cerca de R$ 800, o que equivale ao dobro do custo com condomínio — relata.

Problemas no Norte da Ilha e em São José

No Norte da Ilha, também há registro de desabastecimento. O vice-presidente da Associação de Moradores de Ratones (Amora), engenheiro Flavio De Mori, que mora há 24 anos no bairro e atua junto à associação de moradores há pelo menos 15 anos, conta que os imóveis do bairro estão há pelo menos seis dias com intermitência.

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— Os primeiros relatos surgiram no último fim de semana, no grupo de Whatsapp. Além da falta, quando vem, é com uma qualidade ruim, água barrenta — relata ao lembrar que o problema não é pontual nem recente.

O engenheiro conta que houve outras situações de falta de água e destaca os constantes vazamentos de rede. Segundo ele, é um problema crônico e falta tubulação adequada.

— A cada 15 dias há rompimento de rede, na qual muita água é jogada fora — afirma.

Além disso, a demora no conserto dessas redes seria outro problema. De Mori conta que, muitas vezes, o reparo chega demorar de 24 a 48 horas para ser concluído, gerando desperdício.

Mas não tem sido apenas os moradores da Capital que tem enfrentado problemas no abastecimento. Em São José, nem mesmo a caixa d’água de 1 mil litros foi suficiente na casa do comerciante Leandro Machado Patrício.

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— Durante vários dias ficava o dia todo sem água e chegava só por volta das 10h30min e 11h da noite. Hoje em dia continua essa oscilação, às vezes chega no meio da manhã e acaba, mas sempre fraca e não dá conta de encher a caixa d’água. Por ser um local que tem essa dificuldade, antes de sair de casa eu sempre dou uma olhada no hidrômetro pra ver se ele está rodando, ou ligo a torneira de fora, que não entra pela caixa d’água, vem direto da rua. Sempre tenho esse cuidado de olhar para poder falar para a minha esposa não lavar roupa no dia por conta da falta d’água — lembra.

Outro problema pontuado pelo comerciante é a falta de consciência dos próprios moradores em relação ao desperdício.

— Hoje, por exemplo, bem no trevo próximo a Potecas, onde está sendo construído um supermercado, eu passei por volta das 7h e os caras estavam lavando a calçada. Jogando água ao rodo. A falta de consciência do povo é gigantesca — relata.

Fim de semana deve ser de tempo seco na região

A previsão é de volume baixo de chuva para os próximos 10 dias em Santa Catarina. Na Grande Florianópolis, a previsão aponta para apenas 5 milímetros até o dia 20 de agosto.

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— A chuva continua muito concentrada do Rio Grande do Sul até a fronteira com o Uruguai. Para nós, a situação ainda vai ficar bastante complicada, pelo menos por 10, 12 dias — afirmou.

Neste fim de semana, há chance de chuva para as regiões Oeste e Serra por conta de uma frente fria que passará por Santa Catarina, de acordo com o meteorologista Leandro Puchalski. Entretanto, ela perderá força, fazendo com que a chuva não alcance as demais regiões do Estado.

— A chuva será de pouca intensidade e não resolve o problema da estiagem — segundo Puchalski.

Estiagem tem causado problemas no abastecimento, diz Casan

A Casan afirmou, por meio de nota, que a falta de água na Grande Florianópolis tem persistindo por conta do prolongamento da estiagem, gerando baixa pressão e intermitências na rede de algumas áreas da região. Leia a nota na íntegra:

"As equipes técnicas estão trabalhando ininterruptamente para minimizar os transtornos de moradores de bairros mais altos ou das chamadas pontas de rede. Por isso, a empresa solicita que a população da Região Metropolitana suspenda a lavagem de pátios, calçadas e carros até a volta das chuvas. A Companhia orienta também o uso controlado ao escovar os dentes e lavar a louça, com o fechamento da torneira, assim como banhos mais rápidos e o uso da máquina de lavar somente com o tanque cheio de roupas. Esta colaboração é muito importante para que a CASAN possa continuar abastecendo todas as regiões."

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