Separar o lixo orgânico do reciclável já é uma obrigação dos cidadãos há algum tempo, mas é também dever do poder público fazer a coleta e dar o destino correto aos rejeitos que podem ser reutilizados. Em muitos pontos de Blumenau, porém, isso ainda não corre.

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Marlene Dierschnabel da Silva, 63 anos, separa o lixo em casa e o coloca para ser coletado, assim como os vizinhos da Rua Guilherme Siebert, no Centro. Desde o final de 2015, porém, os materiais descartáveis vêm sendo misturados ao lixo comum.

Apesar do anúncio feito pelo Samae de que a coleta seletiva foi ampliada, é normal encontrar cidadãos insatisfeitos.

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– A última vez que passou aqui foi uma semana antes do Natal. Depois já liguei para o Samae várias vezes, falaram que viria mas não veio e na última vez falaram que a empresa informou que não estava passando por causa da obra. Só que a obra que tinha na rua acabou antes do Natal – relata Marlene.

A bióloga participa de um grupo de pesquisa de educação ambiental que tem como um dos focos a reciclagem. Para ela, as falhas na coleta levam as pessoas a desistir de separar o lixo:

– Reciclar dá trabalho. Tem que separar, limpar, colocar em um local específico, não é tão simples, mas as pessoas fazem. Só que a partir do momento que elas veem que o governo não está fazendo a parte dele e está misturando o lixo que elas ficaram separando, elas vão achar que é perda de tempo.

Parceria com catadores independentes

No edifício da Rua Marechal Deodoro, na Velha, onde é síndica, Ana Lúcia Rezende Peruche, 48 anos, encontrou uma solução para a dificuldade de ter o lixo recolhido. Ela recebeu a informação de que o caminhão passa às 6h30min. Porém, no local só tem quem coloque todos os latões de lixo para serem recolhidos a partir das 7h. Assim, a solução foi se acertar com catadores independentes de lixo reciclável:

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– Agora a gente coloca ali fora no final da tarde, no mesmo horário que coloca o orgânico, mas separado em sacos fechados. Como o pessoal já sabe que é tudo arrumado e limpo, não demora muito e já levam tudo. Não fica bagunçado, mas não é a coleta seletiva que nos atende.

Gerente comercial de uma administradora de condomínios, Jeferson Pereira recebe muitas reclamações por problemas na coleta seletiva, desde falta de recolhimento até a baixa frequência do serviço:

– O morador de um prédio na Rua Amadeu da Luz contou que viu o caminhão de lixo comum recolher o lixo orgânico e o reciclável daqueles contêineres que a prefeitura colocou no Centro. Nós batemos muito na tecla de que as pessoas precisam reciclar e que o condomínio pode até ser advertido, mas aí elas veem essas falhas e ficam desestimuladas.

Situação será verificada pelo Samae

Sobre a falta de coleta na Rua Guilherme Siebert, o gerente de Resíduos Sólidos do Samae, João Carlos Franceschi, diz que no início de janeiro houve problemas com os coletores, mas que a questão foi resolvida e deveria ter sido normalizada a partir de 25 de janeiro. Ele garantiu que a situação será verificada.

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Quanto aos horários de coleta na Rua Marechal Deodoro, o gerente diz que a informação repassada está incorreta.

– Com certeza na gerência de Resíduos Sólidos nenhum funcionário daria essa informação, pois o horário de início da coleta é às 7h da manhã – salienta.

O gerente explica ainda por que os coletores do lixo orgânico podem recolher resíduos que estejam nos contêineres de material reciclável. Segundo Franceschi, há casos em que os resíduos estão misturados e os trabalhadores precisam verificar os dois compartimentos:

– O caminhão da coleta seletiva passa entre 20h e 22h e o comum passa próximo da meia-noite, só que o primeiro recolhe os materiais recicláveis porque as pessoas misturam (os resíduos). Quando o caminhão comum vem os coletores estão instruídos a olhar os dois contêineres, porque se tiver material não reciclável eles têm que coletar – esclarece.

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