Se segunda o dia foi de folga para muita gente em Joinville, quatro operários da empreiteira contratada para fazer os 3,5 quilômetros de calçada na rua 15 de Outubro, no bairro Rio Bonito, trabalharam a todo vapor sob o sol. Mas não apenas eles colocaram a mão na massa.

Continua depois da publicidade

Para fugir do preço cobrado pela Prefeitura para fazer as calçadas, que, de acordo com uma lei municipal, são de responsabilidade dos proprietários de imóveis, moradores preferiram investir o tempo da segunda-feira de Carnaval para economizar parte do que desembolsariam.

Pai e filho, Joaquim Freitas, de 52 anos, e Wilson, de 21, usaram o dia de folga para melhorar 34 metros do passeio que lhes cabe da rua. Nos cálculos de Joaquim, a Prefeitura pediria pelo menos R$ 2 mil para deixar a calçada aceitável – o que também influencia na cobrança do IPTU. Neste ano, passou a ser cobrada uma alíquota para donos de imóveis com passeio irregular.

Para baratear a obra, pai e filho gastaram R$ 600 na compra de cimento e areia. E economizaram na mão de obra, que poderia chegar a R$ 1 mil.

Continua depois da publicidade

– Sai bem mais em conta (fazer a construção sem a ajuda da Prefeitura)”, acredita Joaquim. E completa:

– Não tem condições de mandar fazer.

Depois de pronta, a calçada terá de passar pelo crivo da Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joinville(Conurb), que fiscaliza os parâmetros estabelecidos pela lei.

Joaquim afirma que a obra vai ser importante para os moradores da região. Mas a calçada deve ficar devendo um pouco no critério acessibilidade, principalmente para os cadeirantes. A culpa é dos trechos mais estreitos do espaço reservado ao passeio, avalia ele. Há um ponto em que o poste fica exatamente no meio da calçada.

Continua depois da publicidade

Quem preferiu não se arriscar e optou pelo serviço da Prefeitura foi o vigilante Martinho Perineche, 45. Para construir 28 metros de calçada, que está praticamente pronta, ele desembolsou R$ 1,6 mil. Falta apenas o paisagismo – plantas e gramado.

– Acho que ficou boa -, diz ele.

Perineche até compara a obra a dos vizinhos.

– Aquela parece fora de nível. Acho que faltou acabamento -, palpita.

Martinho até tinha uma calçada antiga, mas que foi considerada irregular pela Conurb. Agora, a calçada nova fica ao lado da anterior e os pedestres podem escolher entre dois calçamentos.

Previsão é concluir em março

A previsão é de que os três quilômetros e meio de calçada na rua 15 de Outubro sejam concluídos em março, depois de três meses de obra, conforme divulgou a Conurb. Por enquanto, ainda há trechos a serem construídos e falta toda a arborização.

Continua depois da publicidade

A companhia também informou que a grama começaria a ser colocada na quinta-feira. Segunda, havia somente os pontos cobertos de terra para receber as plantas. Em um lado da rua, há 1,5 quilômetro de calçadas que, afirma a Conurb, são acompanhadas de ciclovia.

Mas, em vários trechos, é possível perceber que não existem marcações para reservar espaço aos ciclistas. “AN” tentou segunda contato com os responsáveis pela companhia, mas não recebeu resposta nem da assessoria de imprensa.

Antes das obras, as calçadas chegavam a ser evitadas por pedestres. Não era difícil ver pessoas andando no asfalto para ter uma caminhada mais segura, teimando em não subir no concreto partido do passeio. Pessoas como a auxiliar de escritório Anne Katrine Ferreira, moradora de uma lateral da 15 de Outubro, chegavam “do serviço com o pé sujo”.

Continua depois da publicidade

Ainda assim, Martinho Perineche acredita que muita gente evita calçadas. Segundo ele, a saída das crianças das escolas da região torna o trânsito perigoso.

– Precisa fazer um trabalho com as crianças da escola. Elas andam no meio da rua. Tenho que parar o carro. Elas não saem da frente -, diz ele.

Depois que as calçadas ficarem prontas, pelo menos não haverá desculpa para este mau hábito dos pequenos.

Continua depois da publicidade