_ Eu tenho 60 anos, sou hipertensa, não tenho emprego e moro sozinha. Ganhei uma lona da vizinha, mas o vento levou e a chuva molhou tudo dentro de casa. A telha não chega, eu não tenho ninguém para me ajudar e não sei o que fazer. Estou desesperada. Que Deus me ajude.
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O relato emocionado de Maria Salete Vieira Velho, moradora do número 50 da rua Laurindo Vedana, no bairro Universitário, é só mais um entre os centenas de lageanos que até agora não receberam telhas para cobrir as residências atingidas na última segunda-feira pelo granizo que afetou 84 mil pessoas, já causou prejuízos públicos e privados na casa de R$ 50 milhões e deixou a cidade em situação de emergência.
Nas ruas, nas rádios e nas redes sociais o assunto é o mesmo. As vítimas do temporal temem ainda mais perdas por conta da chuva que voltou a cair nesta sexta. Muitas reclamações também pelo fato de servidores da prefeitura terem prioridade no recebimento das telhas.
Maria, do bairro Universitário, é uma das vítimas. Foto: Pablo Gomes
Nesta sexta, em entrevista ao Jornal do Almoço da RBS TV, o secretário estadual da Defesa Civil, Rodrigo Moratelli, contestou as acusações de que o órgão não estaria sendo ágil e eficiente na distribuição do material.
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– É muito fácil falar em agilidade quando se tem uma área territorial extensa. Temos toda uma logística da prefeitura, do Exército, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar fazendo essa operação. Não é um procedimento simples porque praticamente 60% da cidade foi atingido. São mais de 300 pessoas envolvidas só na distribuição, fora o controle e o cadastramento pelas secretarias de Assistência Social, Habitação e Defesa Civil. Tem que saber confrontar a realidade do desastre com a velocidade da resposta.
Bairro Habitação, um dos mais atingidos. Foto: Sandro Scheuermann
O total de casas atingidas em Lages chega a 5,8 mil, mas tirando aquelas já recuperadas com recursos próprios dos moradores, sobram 3,5 mil para ser atendidas pelo poder público.
Até a tarde desta sexta-feira, diz o diretor de Resposta a Desastres de SC, sargento James Rides da Silva, haviam sido distribuídas 60 mil telhas para cobrir duas mil residências.
Ao todo, incluindo o material já entregue, a Defesa Civil comprou 140 mil telhas de fibrocimento. As outras 80 mil devem ser distribuídas até o fim da próxima semana para cobrir as cerca de 1,5 mil residências que ainda estão só com lona em vários bairros da cidade.
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– Já compramos todos os estoques de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e agora estamos trazendo do Paraná. É um material cada vez menos consumido e difícil de ser encontrado, tanto que a Caixa não aceita mais para financiamento habitacional. Mas em Lages ainda é bastante usado pelos moradores carentes por ser mais barato e rápido de colocar.
Quanto à prioridade dada a servidores municipais, o prefeito Elizeu Mattos assume a responsabilidade como uma decisão dele, pois defende que assim é possível mobilizar motoristas e funcionários de várias secretarias apenas para a reconstrução da cidade.